20 anos do LusoJornal: “Uma referência no jornalismo das Comunidades portuguesas residentes no estrangeiro”


Mensagem de Mário Gomes,
Cônsul-Geral de Portugal em Bordeaux

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O LusoJornal comemora em setembro de 2024 o vigésimo aniversário de existência. Recordo-me bem desses primeiros números, que praticamente coincidiram com a minha chegada a França, em novembro daquele ano de 2004, para desempenhar o cargo de Cônsul de Portugal em Nogent-sur-Marne. Olhar para a história do LusoJornal é, assim, passar igualmente em revista o meu percurso profissional neste país.

Terei conhecido o fundador e diretor do LusoJornal pouco depois da minha tomada de posse – provavelmente para a tradicional realização da entrevista de chegada a posto dos novos diplomatas que iniciam funções em França – construindo com o Carlos Pereira, ao longo dos anos que se foram seguindo, uma relação de forte confiança e amizade. E, sobretudo, de respeito e admiração pelo trabalho que ele foi desenvolvendo, caracterizado por um admirável sentido de serviço à Comunidade, de independência e de isenção que sempre marcaram a linha editorial do LusoJornal.

Não se limitando a colecionar artigos sobre os nomes sonantes da nossa Comunidade, ou dos seus dirigentes associativos, o LusoJornal procurou sempre garantir que os seus leitores tivessem acesso, nas suas páginas, às opiniões melhor fundamentadas e às informações que verdadeiramente lhes interessavam, nunca colocando uma visão comercialista à frente daquilo que tem sido, desde a primeira hora, o seu principal objetivo: ser, realmente, uma referência no jornalismo das Comunidades portuguesas no estrangeiro.

Foi com esse desígnio que o LusoJornal e o Consulado em Nogent-sur-Marne iniciaram, nos primeiros anos da sua edição, uma interessante colaboração para publicação no LusoJornal de uma coluna de perguntas e respostas, na qual a Drª Maria da Conceição Calheiros, na altura Técnica-Superior do Consulado que eu geria, tirava dúvidas dos leitores sobre os serviços consulares, temas relacionados com segurança e apoio sociais, questões laborais ou sobre o ensino da língua portuguesa em França – complementada com um programa radiofónico que o Consulado de Nogent-sur-Marne mantinha na rádio Alfa, essa coluna constituía um verdadeiro serviço público muito apreciado pela nossa Comunidade.

Recordo com especial saudade a cobertura que o LusoJornal realizou do programa de comemorações dos 35 anos de existência do Consulado em Nogent-sur-Marne, um programa multifacetado, que incluía manifestações culturais tão diversas como um festival de folclore português ou um recital de piano com obras de Freitas Branco, e que decorreu em diversas cidades da área consular – que incluía os departamentos 02, 08, 10, 51, 77, 93 e 94, áreas onde reside, ainda hoje, o grosso da Comunidade portuguesa residente em França, sobretudo nos departamentos incluídos na Île-de-France.

O Consulado em Nogent-sur-Marne viria a encerrar em 2008 – creio que a capa do LusoJornal, nesse mês de março de 2008, tinha uma fotografia da retirada da bandeira de Portugal e do escudo desse posto consular – tendo o LusoJornal seguido de perto todo o processo de reforma consular que se desenvolveu em França nesse período, revelando, também aí, total isenção na cobertura noticiosa que realizou – não se coibindo de dar voz aos críticos dessa reestruturação, mas dando igualmente conta, de forma séria e factual, das vantagens que advieram para os utentes dos serviços consulares, nomeadamente na região parisiense.

Com o encerramento de Nogent-sur-Marne passei a assumir funções de Cônsul-Geral adjunto em Paris, oportunidade de continuar a interagir com o LusoJornal, que foi transmitindo aos seus leitores a forma como os serviços consulares iam evoluindo na capital francesa – o atendimento em horário contínuo entre as 8 da manhã e as 8 da noite, implementado nos primeiros anos, a abertura da sala Eça de Queiroz para a realização de eventos ou a primeira exposição que aí ajudei a organizar, com trabalhos do grafista da nossa Comunidade, José Albergaria.

Em 2020, em plena pandemia, regressei a França, desta feita para assumir as funções de Cônsul-Geral em Bordéus, que desempenho ainda. E reencontrei o LusoJornal, adaptado às novas realidades, já sem edições semanais e apenas em formato informático, mas com uma maior flexibilidade e capacidade de noticiar o imediato e o dia-a-dia, garantindo uma maior atualidade e permitindo uma maior interação dos seus leitores. Encontrei, sobretudo, o mesmo rigor e linha editorial que lhe permitem continuar, 20 anos depois, a ser a mesma referência de qualidade e de independência no jornalismo da nossa Comunidade no estrangeiro.

Faço votos de que os próximos 20 anos sirvam para que o LusoJornal prossiga a sua evolução, continuamente adaptando a publicação aos novos suportes digitais e aos novos hábitos de consumo de informação por parte do seu público. E que continue a afirmar-se como um exemplo de isenção e rigor jornalístico, garantia de seriedade na análise das grandes questões que afetam as nossas Comunidades e de atualidade na cobertura noticiosa de todas as matérias que lhes podem interessar.

Não tenho dúvida de que continuará a ser a referência do jornalismo de qualidade que tem sido desde a sua criação.

Parabéns pelo aniversário. E venham mais 20!

LusoJornal