2024: Termina um ano cheio de emoçõesCarlos Pereira·Comunidade·31 Dezembro, 2024 Chegou o momento em que o ano de 2024 chega ao seu termo. Foi um ano complicado a nível mundial, com duas frentes de guerra às nossas portas – uma na Ucrânia e outra na Palestina – e com muitas outras frentes, menos mediatizadas, mas também importantes e mortíferas. O resultado das eleições presidenciais americanas também marcou o ano, com o regresso de Donald Trump. As crises políticas em França e na Alemanha, podem ainda comprometer os próximos tempos. Nas últimas legislativas francesas voltaram a ser eleitos 4 Deputados de origem portuguesa. Christine Pires-Beaune, Ludovic Mendes e Emmanuel Fernandes foram reeleitos, Dominique da Silva ficou de fora e foi eleito Christophe Proença. A estes acrescenta-se o franco-angolano Carlos Martens Bilongo. Em Portugal, as eleições legislativas trouxeram um novo Parlamento, com dois Deputados eleitos pelo Chega em representação dos Portugueses residentes no estrangeiro, um deles, pelo círculo eleitoral da Europa, José Dias Fernandes. O segundo Deputado pelo círculo da Europa voltou a ser o socialista Paulo Pisco. Do Parlamento português saiu Nathalie de Oliveira. As eleições trouxeram também um novo Governo, com um novo Secretário de Estado para as Comunidades portuguesas, José Cesário, um veterano em matéria de políticas para a emigração. Nas eleições para o Parlamento Europeu, alguns lusodescendentes foram candidatos pelas listas francesas, mas nenhum foi eleito em França. Maria Luisa Albuquerque é a nova Comissária Europeia e António Costa é o novo Presidente do Conselho Europeu. O novo Conselho das Comunidades Portuguesas, que foi a votos no fim do ano passado, reuniu-se enfim em plenário, na Assembleia da República, voltando a eleger o mesmo Presidente, Flávio Martins. Um Presidente que já assumia esta função há 8 anos (!) e que, entretanto, foi eleito Deputado pelo círculo da emigração, acumulando assim, estranhamente, as funções de Deputado e de Presidente do Conselho Permanente do CCP. A França chegou uma nova Cônsul-Geral de Portugal para Paris – a primeira mulher a chefiar este que é considerado o maior posto consular português no mundo –, uma nova Cônsul-Geral Adjunta e também houve mudança de Cônsul-Geral em Strasbourg. A Conselheira Cultural da Embaixada de Portugal em Paris, Isabel Corte Real, foi-se embora sem se despedir, e foi nomeado para o cargo o antigo Secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier. Um outro antigo Secretário de Estado da Cultura, Nuno Vassallo Silva cessou funções de Diretor da Gulbenkian em Paris, para presidir a Fundação CCB em Lisboa. Em Strasbourg mudou o Representante de Portugal junto do Conselho da Europa, deixando de ser Gilberto de Sousa Jerónimo, para passar a ser António Vasco Alves Machado. Este foi um ano importante em que se comemoraram os 50 anos do 25 de Abril, com muitos eventos em França, e o Ministro Pedro Duarte representou o Governo nas comemorações do Dia de Portugal na capital francesa, com uma receção na Embaixada de Portugal. Mas também foi ano de Jogos Olímpicos e Paralímpicos na capital francesa, com Portugal a levar para casa 4 e 7 medalhas respetivamente (não tantas como gostaríamos). Neste ano em que o antigo Ministro da Economia Álvaro Santos Pereira foi nomeado economista-chefe da OCDE, em Paris, Carlos Tavares deixou a liderança da Stellantis e, juntamente com o empresário Paulo Pereira (Orléans) querem gerir a TAP. No LusoJornal demos a conhecer Michel Vieira, certamente o maior empresário português em França, que se aproxima dos mil milhões de euros de volume de negócios. Mas quem foi condecorado pelo Presidente da República, na Embaixada de Portugal, foram os empresários Mário Martins e Fernando da Costa, e o cantor Tony Carreira. Este foi o ano em que morreu o sociólogo Albano Cordeiro, o empresário, antigo Presidente da Academia do Bacalhau de Paris e antigo Provedor da Misericórdia de Paris, António Fernandes. Morreu também o cantor Marco Paulo, muito conhecido nas Comunidades, o empresário da noite portuguesa em Paris, João Fernandes, e os franceses Alain Delors, antigo Presidente da Comissão europeia, e Robert Badinter, antigo Ministro da Justiça. A lusodescendente Romane Agostinho não conseguiu a eleição para Miss France, mas é, durante um ano, a Miss Auvergne. Em cultura, destacamos a criação de um novo festival de cinema em Paris, Olá Paris, organizado pelos irmãos Wilson Ladeiro e Fernando Ladeiro Marques, cuja madrinha foi Maria de Medeiros. A longa-metragem de Ico Costa “O ouro e o mundo” ganhou dois prémios no FID Marseille, o projeto de José Miguel Ribeiro foi premiado no Festival de Cinema de Animação de Annecy, onde também foi premiado o filme “Percebes” de Laura Gonçalves e Alexandra Ramires, o filme “Ressonância em espiral” de Filipa César e Marinho de Pina foi premiado no festival Cinéma du Réel… Mas importante mesmo foi o facto de Miguel Gomes ter levado para Portugal o prémio de melhor realização no Festival de Cannes. O destaque também foi para a obra monumental de Vihls no aéroporto de Paris Orly e a tradução de João Viegas do livro “A Gorda” de Isabela Figueiredo venceu o prémio Laure Bataillon 2024. A lusodescendente Melissa da Costa é a escritora francesa mais lida na atualidade, Madalena Trabuco lançou um novo EP, “Sou eu”, Fernando Daniel deu um concerto memorável no Grand Rex, em Paris, o realizador José Vieira recebeu o prémio “Des Racines et des Mots”, mas a morte de Fausto, de Mísia, que viveu vários anos em Paris, e da lusodescendente Catherine Ribeiro, abalaram o mundo da cultura. Este foi também o ano da edição da banda desenhada “Borboleta” de Madeleine Pereira, e a Cadamoste Editions lançou uma banda desenhada sobre a Revolução dos Cravos. A Santa Casa da Misericórdia de Paris comemorou 30 anos, a rádio Antena portuguesa de Tours festejou 40 anos de existência com estúdios mais modernos, a Festa franco-portuguesa de Pontault-Combault, a Festa de S. João de Clermont-Ferrand, o Marché portugais de Cenon, a Festa das Flores da Madeira de Ormesson e a Festa do Emigrante em Cergy foram momentos de importante concentração de portugueses. A Feira de produtos portugueses de Nanterre voltou a ser um dos eventos associativos portugueses mais concorridos da região de Paris. Agora vira-se a calendário e aguarda-se com espectativa, as novidades franco-portuguesas dos próximos 365 dias.