Eu era uma menina, na ilha Graciosa, nos Açores. A minha mãe falava-nos duma Revolução no 25 de Abril. No dia seguinte, houve uma grande festa com os soldados das Forças Armadas.
Não compreendia bem o que queria dizer “Revolução”, mas eu e os meus irmãos estávamos contentes por haver uma festa.
À noite, fomos à festa onde havia muita gente, comidas e bebidas, muitos cravos, e os soldados das Forças Armadas que terminaram essa festa em palco a cantar o hino nacional.
Eu, pequenina, não via o palco e subi em cima de uma cadeira para poder vê-los. Conhecendo bem a canção, cantava com toda a minha voz.
Pouco a pouco, os soldados calaram-se e procuraram de onde vinha a pequenina voz. Então, um soldado – lembro-me que se chamava Vieira – veio buscar-me e levou-me a cantar com eles no palco.
Havia a letra do “Grândola, Vila Morena” por todo o lado, que também cantaram.
Mesmo não sabendo o que queria dizer uma Revolução, foi uma bonita experiência que guardo até hoje na minha memória.
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Conceição Guadalupe
Fadista
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“25 de Abril: 50 anos / 50 testemunhos” é uma iniciativa do fotógrafo Mário Cantarinha, em parceria com o LusoJornal.
Mário Cantarinha escolheu 50 personalidades da Comunidade portuguesa de França, 25 homens e 25 mulheres. Alguns destes testemunhos já foram utilizados para uma exposição há 10 anos. O LusoJornal publica agora os 50 testemunhos, um por dia, até ao dia 25 de abril de 2024.