Home Comunidade Os Duques do Cadaval participaram na I Guerra mundialAntónio Marrucho·2 Agosto, 2021Comunidade [pro_ad_display_adzone id=”46664″] A 13 de abril de 1917, apresentam-se na Delegação portuguesa em Paris, os irmãos Nuno Álvares Pereira de Melo e António Álvares Pereira de Melo, duques do Cadaval. Lembramos contudo algumas datas, para colocar a apresentação em Paris dos Duques no seu contexto: A 23 de fevereiro de 1917, o Governo português ordena a apreensão dos navios alemães no porto de Lisboa. No dia 9 de março, a Alemanha declara guerra a Portugal. Dá-se instrução em Tancos aos futuros soldados portugueses de Flandres, que constituem o Corpo Expedicionário Português (CEP). À instrução rapidíssima dos soldados do CEP, alguns chegaram a chamar de “milagre de Tancos”, alguns meses antes da 1ª aparição de Fátima. Os primeiros soldados do Corpo Expedicionário Português partiram a 26 de janeiro de 1917 para a Flandres. A 21 de abril, ambos os irmãos Duques do Cadaval apresentam-se no Quartel General do Corpo Expedicionário Português em França. Embora descendentes de uma linha real portuguesa, também eles foram chamados para contribuir ao esforço militar de Portugal durante a I Guerra mundial, embora nascidos em França: António nasceu a 26 setembro de 1894 em Saint Jean-de-Luz e Nuno a 29 de novembro de 1888, em Pau. De notar que os próprios pais deles também já tinham nascido fora de Portugal: o pai, Jaime Segismundo Caetano Pereira de Melo, nasceu a 22 de dezembro de 1844, em Nice; a mãe, Maria Graziella Zileri dal Verme, nasceu na Áustria. Casaram-se em Parma, na Itália, em 1987. Os irmãos Duques do Cadaval participam na I Guerra mundial já com uma certa idade: António com 23 anos e o Nuno com 29 anos, estando este último já casado desde 1911, aliás com um casamento efetuado em Paris. Curioso é o facto de ambos os irmãos terem falecido com a idade de 44 anos: António faleceu a 16 de fevereiro de 1939, em Davos, na Suíça e Nuno a 14 de janeiro, em Saint Pierre d’Irube, nos Pirenéus Atlânticos. Os pais faleceram bem mais idosos: o pai com 68 e a mãe com 92 anos. Nunes Álvares Pereira de Melo e António Álvaro Pereira de Melo foram destacados para a Secção automóvel do Quartel general do CEP. Acabaram por ser desmobilizados desta Secção em fevereiro de 1919. Curioso é o facto de, ao irmão mais novo, António, lhe ter sido notificado para se apresentar no então Consulado de Portugal em Pau, o mais tardar 30 dias após a sua desmobilização, regressando que foi à sua residência, situada no 5 rue du Lycée, na cidade de Pau. Tanto os pais como os filhos, mesmo tendo nascido no estrangeiro, guardaram a nacionalidade portuguesa, certamente para poderem guardar o título de Duques do Cadaval. É feita referência, num artigo (1) publicado no LusoJornal, da autoria de Myriam Burzac, sobre a presença de uma placa de agradecimento às tropas portuguesas num monumento em homenagem aos soldados portugueses da I Guerra mundial, em Pau, com uma frase do Marechal Joffre. Ora, Jaime Segismundo Álvaro Pereira de Melo, morreu precisamente em Pau, cidade na qual o seu filho Nuno nasceu. Os Duques do Cadaval são um ramo mais jovem da Casa Real de Bragança. Data do século XIV e tem por caule Álvaro de Bragança, Senhor do Cadaval (nessa época, o sangue real ainda não tinha nome), 4º irmão de Fernando II, Duque de Bragança. Este príncipe era neto, de Fernando I, Duque de Bragança, de Afonso I, primeiro Duque de Bragança, que se casou com Brites Pereira, único herdeiro do Grão-Condestável de Portugal, Nuno Álvares Pereira, Conde de Ourém, de Barcelos, e de Arraiolos, o senhor mais rico de Portugal depois do rei, e seu melhor amigo e camarada em Aljubarrota. Álvaro de Bragança casou-se, em 1479, com Filipa de Melo-Villena, Senhora de Ferreira. Os seus descendentes trocaram o nome de Bragança pelo de Melo até Nuno II, primeiro Duque do Cadaval, cujos descendentes adotaram o nome de Álvares Pereira de Melo. Duque do Cadaval é um título de juro e herdade, isto é, “de transmissão livre e hereditária”, não podendo o rei – salvo traição ou lesa-majestade – recusar-se a renová-lo automaticamente a cada geração (a partir de 1835, somente se os impostos de transmissão forem pagos). Depois de 1834, os Duques do Cadaval, que seguiram o partido Legitimista do deposto Rei Miguel I de Portugal, derrotados na Guerra Civil Portuguesa, foram obrigados a exilar-se em Paris até à proclamação da República em 1910. A família Álvares Pereira de Melo continua a levar os títulos da sua casa até aos nossos dias, apesar da abolição da Monarquia e dos títulos de nobreza. Para poder usufruir do título regular, a Casa do Cadaval teria tido, entre 1837 e 1910, ou mesmo 1932, data da morte do último Rei liberal, de inscrevê-los no Tribunal de Lisboa como todos os outros nobres, pagando as elevadas somas de impostos exigidas para o efeito pelo Estado português. Não o tendo feito, o título de Duques do Cadaval passaram a ser títulos de cortesia. Nuno Maria José Caetano Álvares Pereira de Melo (29 de novembro de 1888 – 16 de fevereiro de 1935), soldado do CEP, era 9º Duque do Cadaval, 12º Marquês de Ferreira, 13º Conde de Tentúgal. Portugueses houve que se propuseram logo no início da Guerra para servir os Aliados, fizeram-no ao lado dos Franceses, são os Legionários, a maioria dos soldados portugueses que participaram na Grande Guerra fizeram-no entre 1917-1918, vindos de Portugal e por último, Portugueses houve que, estando a residir no estrangeiro, se juntaram ao CEP já na Flandres, como é o caso dos dois Duques do Cadaval. Todos teriam sofrido das atrocidades da Guerra. Todos da mesma maneira, o mesmo tipo de sofrimento? (1) https://lusojornal.com/bayonne-memoire-portugaise-et-inauguration-dune-plaque-aux-morts-portugais/ [pro_ad_display_adzone id=”37510″]