Viana do Castelo: Gigantone Isidore Court’orelle do Norte da França participa no cortejo da Romaria d’Agonia

O gigantone Isidore Court’orelle, da cidade francesa de Lezennes, nos arredores de Lille, vai integrar o cortejo da Romaria d’Agonia deste ano, em Viana do Castelo.

Uma “lição de história” sobre o templo do Sagrado Coração de Jesus, no monte de Santa Luzia, sobranceiro à cidade de Viana do Castelo marcará, este ano, o cortejo histórico e etnográfico da romaria mais conhecida de Portugal.

O Presidente da Comissão de Festas de Nossa Senhora d’Agonia, António Cruz, explicou que os 60 anos da conclusão da construção do templo, que se assinalam este ano, “serão retratados numa parte” do cortejo, “tal como se de uma lição de história se tratasse”.

No total, o cortejo inclui 144 quadros, integra 30 carros alegóricos e mais de 3.000 figurantes, percorrendo 2.300 metros pelas principais artérias da capital do Alto Minho, demorando praticamente três horas.

A componente histórica do cortejo incluirá ainda um “apontamento” sobre a vida do frade e beato português Bartolomeu dos Mártires, cuja canonização foi anunciada, em julho, pelo Papa Francisco. Bartolomeu dos Mártires (nascido Bartolomeu Fernandes) nasceu em Lisboa em 03 de maio de 1514 e faleceu em Viana do Castelo em 16 de julho de 1590. O beato está sepultado no convento de São Domingos, que mandou construir em plena ribeira de Viana do Castelo.

António Cruz referiu ainda que “a parte etnográfica do cortejo irá evocar a memória das paradas agrícolas, revivendo as vivências do monte, campo, rio e mar, alicerces da essência das gentes alto-minhotas”.

Isidore Court’orelle viaja até Portugal

Este ano, o desfile integrará também um gigantone francês, Isidore Court’orelle, de Lezennes, no norte de França.

Isidore nasceu na segunda metade do século XVIII, sem que se conheça a data exata do seu nascimento. Os seus descendentes diziam que nasceu perto de um moinho, que era valente e que gostava de ajudar o próximo.

Desde muito cedo, Isidore desceu às entranhas das terras de Lezennes para extrair a pedra branca. Dizem que conhecia de cor os 39 locais de extração daquela comuna dos arredores de Lille.

Quando em fevereiro de 1781 uma tempestade atravessou Lille, Isidore foi dos primeiros a subir para reparar a torre dos sinos de Lezennes.

Mas em 1793, Isidore perdeu um pedaço de orelha. Uns dizem que foi aquando de uma rixa entre Republicanos e Monárquicos, outros dizem que foi um pedaço de pedra que lhe caiu em cima, numa das pedreiras onde trabalhava. Não se sabe ao certo. Sabe-se apenas que lhe ficou o nome – Isidore Court’orelle – até à morte.

Há quem diga ainda que em 1815 combateu na Batalha de Waterloo.

Quando em 2000, a cidade de Lezennes procurava um tema para o seu gigantone – cada localidade tem o seu, no norte da França – foi muito naturalmente que surgiu o nome de Isidore Court’orelle.

No ano passado, este “Géant” comemorou 18 anos de existência e por essa ocasião, a autarquia e a associação Les Amis d’Isidore convidaram mais de 100 Gigantones de França, Bélgica, Holanda e Portugal. De Portugal vieram grupos de gigantones de Braga e da Viana do Castelo.

Desta vez, é Isidore Court’orelle que viaja até Portugal para participar na romaria de todas as romarias.

Em 2019, as Festas de Nossa Senhora d’Agonia decorrem de 16 a 20 de agosto, com um orçamento de 599.686 euros.

Este ano, devido ao calendário, a festa prolonga-se por cinco dias com quatro noites de fogo-de-artifício, o cortejo histórico-etnográfico, a procissão solene em honra de Nossa Senhora d’Agonia, e a tradicional procissão ao mar e ao rio.

Outra das novidades prende-se com a mudança, para a manhã do primeiro dia de festa, dos cumprimentos das mordomas às autoridades. O desfile das mulheres trajadas pelas principais ruas da cidade irá realizar-se, pelo segundo ano, à tarde, “conferindo maior dinamismo ao desfile e rigor ao momento dos cumprimentos”.

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LusoJornal