Nova Edição de “L’Angola de A à Z”

O autor belga Daniel Ribant, banqueiro de formação, e a editora L’Harmattan, depois de publicarem, no final de 2018, o livro “Força Angola: Témoignages pour l’Histoire”, acabam de lançar uma edição revista e aumentada de “L’Angola de A à Z”. Acrescida de cinco novas temáticas – Argélia, BESA (Banco Espírito Santo Angola), França, Lourenço e 27 de Maio – “esta edição”, explica Daniel Ribant, “leva naturalmente em consideração as mudanças ocorridas no país desde a eleição de João Lourenço como Presidente da República em agosto de 2017”. Esta nova edição conta com o prefácio do escritor Pepetela, “um dos autores maiores da Literatura angola”, acrescenta Ribant, “e está neste momento a ser traduzido para português”.

Daniel Ribant relembra com emoção o momento em que chegou a Angola pela primeira vez. “Eu descobri Angola em 1996, devido a um compromisso profissional, e desde aí nunca nos abandonámos”. Um momento difícil para o país que não facilitou o dealbar de uma relação que se tornaria forte com o passar dos anos. “Não posso dizer que tenha sido amor à primeira vista, em 1996 existia a guerra, mesmo que ela não estivesse visível em Luanda, era mais do que percetível. Uma espécie de chapa de chumbo que impedia a população de sorrir, de se exprimir”.

Foi a nova Angola liderada por João Lourenço – já quase esquecidos o meio milénio de opressão e exploração colonial portuguesa e os 27 anos de guerra civil mortífera que se seguiu aos 14 anos de guerra de independência e liberta, desde 2018, de um Presidente, José Eduardo dos Santos, que se deixou apodrecer no poder, quase conduzindo o país a uma espécie de “primavera árabe”, fenómeno que trouxe consigo as nefastas consequências que se conhecem em países como a Líbia e a Síria – que obrigou Daniel Ribant a atualizar este seu livro saído inicialmente em 2015.

Um dos novos capítulos desta edição de 2019 é então dedicada a João Lourenço, personagem que para o autor belga é, graças às reformas encetadas, o responsável pelo novo ar que se respira em Angola, podendo até, segundo Ribant, influenciar positivamente os países limítrofes. Poderá Angola – um país de 30 milhões de habitantes, maior do que a França, Espanha e Portugal reunidos, senhora de um subsolo riquíssimo e com um enorme potencial demográfico – tornar-se num farol de esperança para a África Subsaariana?

No novo capítulo dedicado às relações entre a França e Angola, Daniel Ribant salienta a nova Era diplomática entre os dois países, aproveitando-se assim a eleição de dois novos Presidentes à frente dos dois países para ultrapassar as incompreensões do passado. Ribant chega a apelidar João Lourenço de “Júpiter angolano”, utilizando assim a mesma referência mitológica usada por Emmanuel Macron num momento de delírio megalómano, um mal que pelos vistos é recorrente na família já que a sua esposa, Brigitte Macron, já o comparou a Atlas, a figura mitológica que carrega o mundo aos ombros.

Um livro importante que analisa um país lusófono pouco tratado em França, naturalmente mais interessada pela África francófona. Mas não é apenas um livro para ser lido por franceses. A sua leitura permitirá a um português uma análise “limpa”, livre do filtro anti MPLA que, tal qual uma doença, afeta os articulistas que analisam o mundo angolano para os média portugueses.

 

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LusoJornal