Domingos da Silva, o soldado de Vilela (Amares) que ficou na Holanda em 1919

Já aqui evocamos o caso do soldado Luís Pinheiro. Mas Luís Pinheiro não foi o único soldado do Corpo Expedicionário Português (CEP) que faleceu e que ficou na Holanda depois da libertação dos campos de prisioneiros no fim da Grande Guerra.

Tal como Luís Pinheiro, Domingos da Silva também sofreu da gripe espanhola. Foi internado num hospital, contudo acabou por falecer em Harderwijk, em 23 de janeiro de 1919, ali sendo inicialmente sepultado.

Nenhum português terá sido transladado da Holanda para Richebourg (1).

Se hoje este combatente já não está em Harderwijk, também não está no Cemitério Militar Português de Richebourg, em França, seja como soldado conhecido ou como soldado desconhecido.

O soldado Domingos da Silva foi exumado nos anos 60, tendo transitado para outro cemitério mas sempre nos Países Baixos, em Leusden, perto d’Amersfoort (2).

Segundo o boletim individual do CEP, AHM, o soldado n°397, da 3 Companhia, com a placa n°47.235, era natural da freguesia de Vilela, concelho de Amares, distrito de Braga. Era solteiro quando saiu de Lisboa no 22 de abril de 1917. Quase um ano depois, foi feito prisioneiro, a 9 de abril em Laventie, no setor português durante a Batalha de La Lys.

Podemos encontrar outras informações nos arquivos do Comité International de la Croix-Rouge (CICR). A ficha deste prisioneiro indica que esteve no campo de Munster II. Também encontramos o nome dele em 2 «gefangenenlisten» (lista de prisioneiros em alemão).

No mês de maio de 1918, o CICR informou a família que este soldado estava na Alemanha e hoje espero que os descendentes possam vir a saber que a sua sepultura se encontra ainda nos Países Baixos, ao lado da de Luís Pinheiro e muito perto do Carlos Alberto da Costa que também está no mesmo cemitério.

Não nos esquecemos de Domingos da Silva, nem dos quantos milhões que morreram ou foram feridos nesta e noutras guerras.

Quero aqui agradecer a WFA Nederland, os Neerlandeses que visitam pelo menos 2 vezes por ano as sepulturas portuguesas e especialmente o John Stienen que nos forneceu as presentes informações ainda antes da celebração do centenário da Batalha de La Lys. John Stienen ajudou-me imenso nestas pesquisas, tendo sido ele que fez as fotografias das lápides no 3 de maio de 2019, na véspera do «Remembrance Day» (ou Dia da Lembrança)…

 

Christine da Costa

 

Notes:

(1)

Ministério da Guerra, 3. A Direção Geral (Estado Maior do Exército), Serviço das Sepulturas de Guerra no Estrangeiro, Lisboa, 1937, «Relação dos Militares sepultados nos Cemitérios de Richebourg l’Avoué, Boulogne s/Mer e Antuérpia»

 

(2)

https://www.online-begraafplaatsen.nl/graf/602348/917219/D-Silva-1919

 

Liens vers le site du CICR / archives des prisonniers:

https://grandeguerre.icrc.org/

https://grandeguerre.icrc.org/fr/File/Details/1054293/9/2/

https://grandeguerre.icrc.org/fr/List/2574628/867/602/

https://grandeguerre.icrc.org/fr/List/2574628/867/169/

 

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LusoJornal