LusoJornal / Jorge Campos

António Almeida: “Sentir-se Emigrante… ontem, hoje e sempre!”

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António Almeida nasceu no mês de outubro de 1936, em Vila Franca da Serra, não muito longe do ponto mais alto de Portugal continental, na Serra da Estrela. Nessa altura, em Portugal, os anos eram difíceis, mesmo se a guerra que se travava na Europa não tivesse afetado a sua família: os pais e irmãos – seis raparigas e dois rapazes – e o Alberto era um deles.

A vida no campo, na agricultura, foi o seu universo durante toda a juventude. O trabalho nos campos e a beleza do vale do Mondego sempre estiveram no coração de António Almeida. Dia após dia, ano após ano, os amigos, a escola, os jogos de infância, enchiam a sua vida, esta vida cheia de boas recordações, uma vida de equilíbrio no campo, cheia de valores, que fizeram de António Almeida um homem agradável e muito sociável. Ainda hoje o é.

Em 1958 António Almeida casou com Eulália quando ela tinha 18 anos. Era cinco anos mais nova do que ele, mas sempre viveu, como ele, a mesma vida no campo e na mesma aldeia, e foi aqui que o amor os uniu. Desta união nasceram três rapazes e duas raparigas.

A vida era muito difícil em Portugal, e nos anos 60 chegavam ditos à aldeia, que havia possibilidades de uma vida melhor em França e na Alemanha, que se ganhava muito dinheiro lá fora e que o câmbio estava favorável.

António Almeida partiu pela primeira vez em 1966, com a idade de 30 anos, para Lyon. Começou por ser trabalhador ferroviário. Foram tempos difíceis. A saudade da casa e de toda a família, dos filhos e da mulher, fê-lo regressar a Portugal. Era difícil viver sem eles.

Passaram-se alguns anos, mas a ideia de regressar a França não o largou. Tinha muitos amigos e gostava de ajudar os outros. Era muito jovial e gostava de festejar a vida discretamente. Viver em paz e com bom humor era a sua felicidade diária.

Um pouco mais tarde, já em 1969, decidiu de novo voltar a França, mas desta vez com toda a família, e toda a família começou uma nova vida em terras francesas.

Gostava de trabalhar, e foi em França que mais tarde foi pedreiro, paisagista, trabalhador agrícola, e também jardineiro, em suma, gostava de trabalhar a terra.

Trabalhou muitos anos para a empresa Tarvel. Os valores humanos que tinha trazido de Portugal fez com que todos o apreciavam. A sua honestidade e o gosto de ajudar, faziam com que estava atento ao que se passava à sua volta, dando conselhos e propondo ajuda a quem o solicitasse.

Durante anos de trabalho, as suas ambições tomaram forma, e o que ele tinha por vezes sonhado na companhia dos seus, tornava-se pouco a pouco realidade.

Da educação das crianças à sua escolaridade, conseguiu tudo isto com a ajuda de Eulália, mas sempre com rigor e muito concentrado na disciplina e nos princípios essenciais da educação, mas também na honestidade. Soube transmitir isto mesmo aos filhos.

Os anos passam, o mundo muda, as crianças crescem e aqui estão, António e Eulália, à frente de uma grande família, que ele próprio considera como um clã… O respeito e a amizade une esta família onde António Almeida se sente como “o patriarca”.

Os anos da reforma chegaram e agora António Almeida irá desfrutar um pouco mais da família, mas também da sua aldeia, da sua terra, da vinha e das oliveiras… Três ou quatro vezes por ano vai passar algumas semanas a Vila Franca da Serra, no vale do Mondego.

António Almeida faz tudo para viver uma vida em festa, gosta sempre de partilhar momentos de alegria e celebração com todos. Mas é muito discreto para falar do seu percurso de vida. “Foi uma vida como muitas outras” costuma dizer.

 

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