II Guerra Mundial: Henri de Moraes: Resistente, deportado, falecido com apenas 20 anos de idade

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Portugal não participou oficialmente na II Guerra Mundial, contudo Portugueses houve que participaram neste conflito. Alguns foram mesmo deportados para Campos de concentração, ali deixando, em certos casos, a vida.

Domingo 25 de abril comemora-se a Memória dos Deportados. Aqui honramos o retrato de um deles: Henri Manuel de Moraes (1) (2).

Em 2019 a sua memória foi evocada durante uma exposição na Coupole (3) pelo seu irmão, falecido recentemente com a idade de 92 anos.

A fotografia de Henri Moraes está exposta no Memorial dos Fuzilados ou Deportados do Nord-Pas-de-Calais instalado no Centre de Mémoire de la Coupole desde 2005.

 

Henri Manuel de Moraes nasceu em 27 de fevereiro de 1925, em Lille, filho de Manuel de Moraes e de Marcelle Duflo.

Até ao momento de ser deportado, vivia com os pais em Lambersart, onde ocupava um posto de operário. Em homenagem a Henri de Moraes, a municipalidade de Lambersart atribuiu o seu nome a uma rua da localidade.

Conscientes do perigo da ocupação, o pai, Manuel de Moraes, o irmão e ele próprio fizeram parte da Resistência na região de Lille.

Sabe-se que em janeiro de 1943, Henri de Moraes fazia parte das FTPF (4) num grupo do seu setor.

Depois de realizar diversas sabotagens, a 6 de fevereiro de 1944, participou num ataque à prisão de Loos. Esta operação visava a libertação de Residentes. Descoberto pelos Alemães, vê-se na obrigação de entrar em clandestinidade, refugiando-se em Beuvrages, na casa de Mme Lemans. Fabricou documentos falsos com os nomes de “Raymond Lefebvre” e “Raymond Leleu”.

Em 13 de agosto de 1944, deslocou-se a uma reunião marcada no Café de la Grise Chemise, em Saint Amand, na estrada de Valenciennes, onde por volta das 10h00 da manhã se encontrou com camaradas. Um carro da Feldgendarmerie, interrompeu o encontro, entrando no estabelecimento. A polícia alemã apreendeu os três homens.

Conduzido até Valencienne, Henri de Moraes é transferido posteriormente para a prisão de Loos-lès-Lille.

A de 1 de setembro de 1944, é deportado juntamente com quase 900 presos políticos, no último “Train de Loos” (5), tendo saído da estação de Tourcoing por volta das 17h00.

A 3 de setembro desce na cidade de Colónia, sendo conduzido para um acampamento temporário instalado nas instalações da antiga feira da cidade. Dois dias depois, Henri de Moraes é “selecionado” com 249 outros presos de Lille, para realizarem trabalhos de limpeza na cidade de Mülheim. A 7 de setembro, embarcou novamente num comboio com destino ao Campo de concentração de Sachsenhausen, perto de Berlim, aqui, a 9 de setembro é-lhe atribuído o número 101.947.

Após um período de quarentena, é afetado à Kommando de Kochendorf (registro n° 33.602) em 5 de outubro de 1944, instalado numa antiga mina de sal. As condições de trabalho e detenção são dramáticas. Permaneceu ali até à evacuação do campo pelas SS, evacuação que teve início a 29 de março de 1945.

Henri Moraes fazia parte dos 150 detidos do “Train de Loos” que ali estavam ainda vivos. Os deportados em pior estado de fraqueza partiram num comboio que chegaria a Dachau a 2 de abril.

Henri de Moraes embarcou no comboio com destino a Dachau, contudo acabou por morrer durante o transporte (entre 29 de março e 2 de abril de 1945).

O seu corpo foi atirado do comboio durante o trajeto, segundo informação confirmada por Raoul David de Vred, originário do Norte de França que fazia parte do mesmo grupo evacuado com destino a Dachau.

Henri de Moraes foi promovido postumamente ao posto de Tenente por Decreto datado do 14 de fevereiro de 1947.

A certidão de óbito transcrita em 17 de junho de 1948 pela Prefeitura de Lambersart, atribui a morte de Henri de Moraes a 25 de março de 1945, em Dachau, com apenas 20 anos e 26 dias.

Por decreto de 25 de março de 1957 é nomeado a título póstumo «Chevalier de la Légion d’Honneur».

 

Notas

(1) Algumas das informações do presente artigo foram fornecidas pela família e graças à SA (Amicale de Sachsenhausen) 10/12, Memorial aos Deportados franceses em Sachsenhausen. Arquivo 21p518054 (DAVCC Caen), transcritas no «Livre des 9.000 déportés de France à Mittelbau-Dora – Camp de concentration et extermination par le travail». Livro coordenado por Laurent Thiery.

(2) Dois outros deportados de origem portuguesa que passaram pelo Campo de Mittelbau-Dora são evocados no livro: Prosper Colomar e Jean Nunes.

(3) La Coupole é um Museu de história localizado a 5 km de Saint Omer (Nord-Pas-de-Calais) dedicado à II Guerra Mundial e à ocupação alemã. O museu La Coupole está instalado num antigo bunker construído pela administração Todt.

(4) Francs-tireurs et partisans français (FTPF), também chamado de Francs-tireurs et partisans (FTP), é o nome do Movimento de Resistência interna francês criado no final de 1941, liderado pelo Partido Comunista Francês.

(5) Deu-se o nome de «Tain de Loos» a um comboio de deportados, combatentes da Resistência e políticos, fretado no dia 1 de setembro de 1944 pelas autoridades de ocupação alemãs, com destino aos Campos de concentração nazis, durante a II Guerra Mundial, dois dias antes da libertação de Lille.

 

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LusoJornal