LusoJornal | José Rego

Família de Levallois-Perret participou no desfile da mordomia em Viana do Castelo

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Entre as 709 mordomas inscritas para desfilar nas ruas de Viana do Castelo, 22 vivem em França e três delas são de Levallois-Perret, nos arredores de Paris: a avó Maria Sameiro Costa, a filha Sofia Costa e a neta Margarida Antunes. De fora ficou a neta mais nova, com 12 anos. “Ela queria muito participar este ano, mas só aceitam inscrições a partir de 14 anos”.

Este não é o primeiro ano que Sofia Costa participa no desfile da mordomia, mas “depois de desfilar nas outras ruas, quando se chega ao cima da avenida, não posso conter uma lágrima” confessou ao LusoJornal.

Sofia Costa emigrou para França há 17 anos, é de Ponte da Barca e foi um amigo, colecionador, que um dia lhe lançou o desafio de desfilar em Viana. “Era um apaixonado pelos usos e costumes do Minho, emprestou-me trajes e ouro” e desde esse primeiro ano, nunca mais deixou de desfilar. “Tenho levado amigas, por vezes somos 4 ou 5. Este ano convidei a minha mãe também porque achei que era importante desfilarem as três gerações: a minha mãe, eu e a minha filha” conta ao LusoJornal.

Em França, Sofia Costa já integrou o grupo folclórico da ARCOP de Nanterre e o grupo Atlânticos de Créteil, mas há uns anos criou o seu próprio grupo, o “EnCanto”, um grupo polifónico, com cantares de Ponte da Barca, dos Arcos de Valdevez, “mas aberto a cantares de outras regiões”.

Sofia Costa faz pesquisas de terreno, mas também devora as recolhas de Gonçalo Sampaio, de Armando Leça, de Tiago Pereira, de José Alberto Sardinha e comprou a coleção completa de Michel Giacometti.

Com o amigo colecionador que a motivou a desfilar em Viana – e que entretanto já faleceu – interessou-se também pelos trajes, começou a costurar a partir de fotografias de época, a fazer réplicas,… Por isso, quando se apresenta no desfile da mordomia carrega o orgulho de mostrar peças que lhe passaram pela mão.

A “chieira” de mostrar nas festas da Senhora da Agonia o trabalho das suas próprias mãos, de desfilar em família e de partilhar a paixão pelo folclore com centenas de outras mulheres, enche-a de orgulho.

Este ano, Sofia Costa vestiu o trajo azul de São Lourenço da Montaria, na Serra de Arga. A mãe, foi de vermelho, com o traje de Santa Marta de Portuzelo e a filha Margarida levou o traje verde de Geraz do Lima.

O desfile partiu dos jardins do antigo Governo Civil, cerca das 16h00, e terminou, mais de duas horas depois, na cúria diocesana, ao som do poema “Havemos de ir a Viana” de Pedro Homem de Mello (1904-1984), que a fadista Amália Rodrigues (1920-1999) celebrizou a partir de 1969 e que a cidade adotou como uma espécie de hino oficial.

O fado passou a ser símbolo das Festas d’Agonia e é cantado pelas pessoas, de forma natural e genuína, durante a romaria, a qualquer hora e em qualquer lugar.

Durante o desfile da mordomia, mais de 200 mil pessoas, segundo números da organização, admiravam os diferentes trajes das freguesias de Viana do Castelo, de varina envergados pelas mulheres da ribeira, os grupos de bombos, os gigantones e cabeçudos.

Para além das 22 mordomas de França (da região de Paris, de Lyon, da Lorraine, da Bretagne,…) a organização anunciou também a presença de 13 do Luxemburgo, 11 de Andorra, 2 do Reino Unido, uma de Espanha e uma da Suíça.

Sofia Costa garante que no próximo ano volta a desfilar, vai motivar outras mulheres e começa já a pensar no traje que vai levar. Tem um ano para preparar tudo.

 

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