Exposição sobre Trabalhadores portugueses e espanhóis no Terceiro Reich no Consulado de Paris

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O Consulado Geral de Portugal em Paris vai inaugurar esta quinta-feira, dia 29 de junho, pelas 18h30, nos Salões Eça de Queirós, a exposição “Travailleurs portugais et espagnols dans le IIIº Reich (1940-1945)”, com apresentação de Cristina Climaco e Cláudia Ninhos.

“O Holocausto e os horrores da Segunda Guerra Mundial são acontecimentos importantes na memória europeia atual. Um dos aspetos menos conhecidos deste conflito é a questão do trabalho forçado. As vítimas portuguesas e espanholas têm sido negligenciadas devido à neutralidade dos seus países e à crença generalizada de que os dois povos foram poupados pela guerra” diz a nota da exposição que lhes presta homenagem.

A partir de 1940, o esforço de guerra alemão exigiu o emprego de uma grande força de trabalho. “Milhões de pessoas foram obrigadas a trabalhar para a economia alemã, nomeadamente nas fábricas de guerra, tanto no Reich como nos países ocupados. O início da ofensiva no Leste aumentou a necessidade de mão de obra”.

Em França, o recrutamento de trabalhadores para a Alemanha começou logo após a assinatura do Armistício, em junho de 1940, reabsorvendo uma taxa de desemprego bastante elevada, sobretudo entre os emigrantes. Em Espanha, Franco assinou um acordo com o Reich em 1941, permitindo o recrutamento de mão de obra.

“O Governo de Vichy, cedendo às pressões alemãs, organizou a Relève, depois o STO, e não hesitou em recorrer à coação para obrigar as pessoas a partir para a Alemanha. Quando o número de trabalhadores era insuficiente, as quotas eram completadas com trabalhadores dos GTE, dos Chantiers de Jeunesse e até da Organisation Todt, entre os quais se encontravam portugueses e espanhóis, imigrantes económicos e refugiados da guerra civil, que se viram envolvidos nos tumultos da guerra, apesar da neutralidade de Espanha e Portugal. Perante a violência exercida pelas autoridades ocupantes, a diplomacia portuguesa procurou proteger os seus nacionais. Ao mesmo tempo, a Espanha excluía os exilados republicanos da sua proteção, deixando-os numa posição muito vulnerável, e muitos foram integrados de força na Organização Todt” lê-se na apresentação enviada ao LusoJornal.

A exposição baseia-se nas histórias de vida de trabalhadores portugueses e espanhóis, imigrantes e exilados em França ou recrutados em Espanha. Traça os caminhos que levaram estes estrangeiros a trabalhar no Reich, os constrangimentos da sua estadia, o quotidiano em território inimigo, o repatriamento… e testemunha a impotência perante a arbitrariedade de Vichy e a violência do regime nazi.

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Cláudia Ninhos e Cristina Clímaco integram a equipa do projeto de investigação FORCED (Trabalhadores Forçados Portugueses e Espanhóis no Nacional Socialismo: História, Memória e Cidadania).

Em 2021, juntamente com Fernando Rosas, António Carvalho e Ansgar Schaefer, publicaram “Os Portugueses no sistema concentracionário do III Reich”, Lisboa, Imprensa Nacional Casa da Moeda.

Cláudia Ninhos é investigadora do Instituto de História Contemporânea (IHC) da Universidade Nova de Lisboa. O seu trabalho incide sobre o Holocausto, o acolhimento de refugiados em Portugal durante a Segunda Guerra Mundial e as relações luso-alemãs.

Cristina Clímaco é investigadora no Laboratoire d’Études Romanes (LER) da Université Paris 8 Vincennes-Saint-Denis. O seu trabalho centra-se no exílio e na emigração portuguesa em França e em Espanha no período do entreguerras. Encontra-se atualmente a desenvolver um projeto de investigação sobre os Resistentes portugueses e de origem portuguesa.

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LusoJornal