Moçambique diz que franceses da TotalEnergies já deviam ter retomado operações em Cabo Delgado_LusoJornal·Comunidade·24 Fevereiro, 2024 O Presidente moçambicano disse esta semana que a petrolífera francesa TotalEnergies já devia ter retomado as operações em Cabo Delgado, classificando o apelo da França para que cidadãos franceses não viagem para alguns pontos da província como “decisão diplomática”. “Para mim a retoma do projeto devia ter sido ontem ou no mês passado”, declarou Filipe Nyusi, questionado por jornalistas sobre a situação de segurança de Cabo Delgado face a novas incursões rebeldes, momentos após orientar uma reunião do Governo em Pemba, capital provincial. A Embaixada de França em Moçambique está a apelar aos cidadãos franceses para não viajarem para as cidades de Mocímboa da Praia, Pemba e Palma, em Cabo Delgado (norte), devido à “ameaça terrorista”. “Devido à presença de uma ameaça terrorista e de rapto nas cidades de Mocímboa da Praia, Pemba e Palma, é fortemente recomendado não viajar para estas cidades, bem como viajar nas estradas que ligam estas localidades”, lê-se numa mensagem aos viajantes publicada há uma semana pela Embaixada de França em Maputo. “Quem falou não foi o dono do projeto, foi um diplomata, pelo que ouvi”, limitou-se a declarar o Chefe de Estado moçambicano. No domingo, o Presidente de Moçambique demonstrou desconforto com o apelo da França aos seus cidadãos para não viajarem para Cabo Delgado, norte do país, devido à “ameaça terrorista”, falando mesmo numa agenda. “Cada país tem uma agenda e a agenda é alinhada e integrada. Deve haver um motivo qualquer por que foi feito um comunicado”, disse Filipe Nyusi, à margem da cimeira da União Africana, em Adis Abeba. A multinacional francesa TotalEnergies tem em curso o desenvolvimento de construção de uma central, nas proximidades de Palma, para produção e exportação de gás natural, avaliada em 20 mil milhões de dólares (cerca de 18,6 mil milhões de euros), mas suspenso desde 2021 devido aos ataques terroristas. As novas movimentações e ataques de grupos rebeldes começaram há algumas semanas, provocando novas vagas de deslocados, sobretudo a partir de segunda-feira, quando moradores de Mazeze, Chiúre-Velho, Mahipa, Alaca, Nacoja B, Nacussa abandonaram as respetivas aldeias percorrendo mais de 20 quilómetros ao longo da estrada Nacional (N1), até atravessar o rio Lúrio, fronteira com a província de Nampula, à procura de refúgio no distrito de Eráti (Namapa). Nas últimas semanas têm sido relatados casos de ataques de grupos insurgentes em várias aldeias e estradas de Cabo Delgado, inclusive com abordagens a viaturas, rapto de motoristas e exigência de dinheiro para a população circular em algumas vias. O grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou há uma semana a autoria de um ataque terrorista em Macomia, em Cabo Delgado, e a morte de pelo menos 20 pessoas, um dos mais violentos em vários meses.