Exposição na Vieira de Leiria até 30 de setembro celebra 50 anos de criação de Aquilino Ferreira


O artista plástico Aquilino Ferreira, que viveu vários anos em França, assinala 50 anos de carreira com uma exposição retrospetiva na Vieira de Leiria, no concelho da Marinha Grande, distrito de Leiria.

Natural da Vieira de Leiria, Aquilino Ferreira mostra na Galeria Municipal Tony Vitorino, até 30 de setembro, um conjunto de duas centenas de obras representativas de diferentes estilos e fases criativas do seu percurso, sobretudo a partir de 1980.

“Estou a sentir-me bem, porque consegui chegar aqui, 50 anos depois de iniciar a minha carreira artística no pós-25 de Abril a pintar murais”, recordou o artista à Lusa.

Aquilino Ferreira lançou-se nas artes, com amigos, nos tempos da Revolução de Abril. “Eles seguiram outros caminhos, eu continuei nas artes, até hoje”.

Na década de 80 do século passado deixou Portugal e veio trabalhar para França, em decoração e publicidade. “Fiz trabalhos de destaque, como a decoração da cimeira do G8 em Paris, na década de 90”.

Em paralelo, continuou a pintar, lançando-se definitivamente nas artes com uma exposição na Gare da Disneyland Paris, em 1996, com três painéis de azulejos.

Na viragem do milénio, Aquilino Ferreira regressou a Portugal e à Vieira de Leiria.

Aos 69 anos, continua a criar, quer pintura, quer escultura, num processo criativo que recorre a diversos suportes, alguns inusitados, como o café e a casca de ovo, sempre inspirado pela sustentabilidade e pela “possibilidade de alcançar a expressão mais próxima do sublime”, disse, evocando Aristóteles.

A obra de Aquilino Ferreira foi reconhecida, em 2022, com um prémio atribuído pela Academia Francesa de Artes, Ciências e Letras.

“Quando olho para trás, é o mesmo que conduzir um carro: tem de se olhar para o retrovisor para poder avançar. Quando eu olho para trás, acho que ainda há muita coisa para fazer”, resumiu, num balanço de meio século de criação.

O artista plástico assumiu-se satisfeito com o que fez até agora, mas pessimista com o futuro. “Correu bem até aqui, estou contente. Também estou contente por ter vivido numa boa fase. Agora, nesta altura, parece que nada está certo. Parece que anda tudo maluco, o mundo está doente. Na minha altura, o mundo era mais saudável. Agora não, parece que anda tudo doente”.

Na exposição “50 anos de arte”, iniciativa do município da Marinha Grande, Aquilino Ferreira faz uma retrospetiva da sua arte, desde o passado ao presente. “Tenho várias técnicas na exposição: o café, tenho óleos, acrílico, alguns desenhos, tenho painéis de azulejo e tenho outra técnica, que é a pintura sobre casca de ovo”, um processo criado pelo próprio, que “só foi exposta uma vez, em França”.

Na retrospetiva também entra a “IV Revolução Industrial”, a mais recente fase do artista, em cujas peças combina lixo eletrónico e telas. “É uma coisa assim em grande. Estão patentes 106 obras, mais dois murais, cada um com cerca de 50 trabalhos. Devem estar ali [na Galeria Tony Victorino] à volta de 200 obras”, concluiu Aquilino Ferreira.

LusoJornal