20 anos do LusoJornal: “Deu rosto e voz a uma Comunidade apagada”António Oliveira·Opinião·18 Setembro, 2024 Mensagem de António Oliveira Professor de português e Conselheiro das Comunidades Portuguesas . O LusoJornal festeja os seus 20 anos! Muitos parabéns! É um adolescente que chega agora à idade da maturidade. Passou por muitas crises de adolescência mas conseguiu ultrapassá-las todas porque tem à cabeça alguém enraizado numa cultura que sabe que para passar além do Bojador tem que passar além da dor! Remou, remou mas conseguiu! Louvado seja! Acompanhei o nascimento e o crescimento do LusoJornal. Cheguei a ser assinante e a receber em casa o jornal. Sempre gostei da folha, do papel, do lado sensual do papel. Coisas de professores! Era mais íntimo, tocava menos pessoas e por isso é normal que tenha evoluído para o digital, remou mais longe. A informação vai mais além! O mérito do LusoJornal é de ter dado, rosto e voz àqueles que não tinham direito à palavra. Deu rosto e voz a uma Comunidade apagada, isolada, dinâmica, mas só. Cada um no seu canto. Descobrimos que em toda a França há portugueses empreendedores que participam ativamente no desenvolvimento do país; uma rede associativa criativa que tenta manter as raízes da sua cultura; que há autores, artistas em várias áreas; que há cada vez mais eleitos locais que são Conselheiros, Vereadores, Presidentes de câmara e até Deputados! Acabámos por descobrir que afinal não éramos só indivíduos, mas éramos uma comunidade com valores e identidade própria. Temos certamente que nos afirmar, deixarmos a adolescência para entrar na maturidade e sermos mais reivindicativos. Sermos mais visíveis numa sociedade que ainda fala de nós com algum desprimor. Para quando um artista de primeiro relevo? Um Charles Aznavour, um Yves Montand, uma Sylvie Vartan portuguesa? Um Senador ou um Ministro de origem portuguesa? Além de informar, o LusoJornal também alertou e defendeu causas. Alertou para problemas na Comunidade, falta de professores em certas escolas, o atendimento e a falta de funcionários nos Consulados. Desempenhou uma função cívica muito importante. Tentou mobilizar os portugueses para participarem nas diferentes eleições, para o Conselho das Comunidades, para as legislativas, para as presenciais e julgo eu ter tido muito mérito no aumento significativo da participação cívica dos portugueses. O LusoJornal também é um jornal de opinião e deu espaço a muitos de nós para nos exprimirmos, para defendermos as nossas causas políticas ou societais, sem entrave. Eu fui um deles e por isso agradeço ao seu Diretor Carlos Pereira de me ter deixado exprimir livremente. O LusoJornal é, portanto, um espaço de liberdade muito precioso para muitos de nós. Faço votos para que o LusoJornal rume em frente e vá mais além! Já é um jornal virado para a Comunidade portuguesa e lusófona. Talvez devia abrir-se mais para a Comunidade francesa para dar a conhecer quem somos e o valor que temos. Para isso tem que ser apoiado por todos nós e sobretudo financeiramente, porque sem apoios financeiros não vai a lado nenhum. Rogo para que os empreendedores portugueses e são muitos, as entidades governamentais deem o apoio indispensável para o crescimento e desenvolvimento do LusoJornal. Longa vida ao LusoJornal!