Corrida da Misericórdia de Paris com chuva, com Rosa Mota e com muita solidariedade


No ano em que comemora 30 anos de existência, a Santa Casa da Misericórdia de Paris organizou, no domingo passado, a 10ª edição da Corrida Solidária, no Domaine de la Cour Roland, em Jouy-en-Josas.

Apesar do tempo de chuva, muitos portugueses levantaram-se cedo para participar nesta ação de recolha de fundos para apoiar os mais necessitados, ao lado da Campeã Rosa Mota, madrinha da corrida, e da nova Cônsul-Geral de Portugal em Paris, Mónica Lisboa.

“Mesmo se esperávamos um dia de sol, tivemos mesmo muitas inscrições, estamos contentíssimos, a chuva não impediu as pessoas de vir participar, tanto na corrida como na marcha” disse ao LusoJornal a Provedora da Misericórdia de Paris, Ilda Nunes. “Os benefícios desta e das outras atividades, são para ajudar quem precisa e quantos mais benefícios houver, mais pessoas ajudaremos, então estou contente”.

Rosa Mota veio propositadamente de Portugal para participar nesta corrida, como aliás já aconteceu noutras edições. “Portugal é já ali, não é muito longe” diz a sorrir.

“30 anos é uma idade muito bonita e estarmos todos aqui unidos por uma mesma causa, por aqueles que necessitam, é gratificante. Estarmos a fazer bem à nossa saúde e estarmos a ser solidários. Quando eu não posso vir, mando uma mensagem e quando posso, venho, porque admiro muito o trabalho da Santa Casa da Misericórdia de Paris e fico grata por me terem convidado para madrinha e para fazer parte desta grande família” confessou ao LusoJornal.

Rosa Mota animou o aquecimento e depois fez os 8 km da corrida, debaixo de chuva. Todos os participantes queriam tirar fotografias com a atleta portuguesa que brilhou na maratona. “O povo português tem um bom coração, a grande maioria dos portugueses são solidários, muitas vezes com as famílias e com os amigos, e por vezes, vão mais além” disse Ilda Nunes ao LusoJornal. “Estamos a viver períodos difíceis, muito difíceis, e isto põe o coração alegre quando se vê as pessoas responderem a eventos como este. Está a chover, efetivamente, mas as pessoas, mesmo assim, foram aquecer os músculos antes de correr”.

Também a Cônsul-Geral de Portugal em Paris decidiu equipar-se a rigor e participar na corrida. “A Santa Casa da Misericórdia de Paris é uma instituição que ajuda aqueles que têm mais necessidade, aqueles que têm dias menos bons e menos felizes. Hoje foi uma manhã feliz, porque teve lugar esta corrida solidária, com muitas pessoas mobilizadas para dar esse carinho aos outros e para dar esse apoio à Misericórdia” disse Mónica Lisboa. “Um domingo de manhã, com muita chuva, um tempo de outono, já com frio,… mas com muita animação e com muita solidariedade e é isso que temos de continuar a fazer, por mais 30 anos, e por muitas mais corridas”.

Mónica Lisboa felicitou a Provedora Ilda Nunes. “A Senhora Provedora está de parabéns, a nossa Comunidade está de parabéns, mas já sei que esta é uma característica da nossa Comunidade, nos grandes eventos junta-se e com um espírito muito solidário” e deixou um apelo “para que no próximo ano, na próxima corrida, ainda sejamos muitos mais a correr pela solidariedade social, porque vale a pena sair de casa para ser solidário”.

“A nossa Cônsul-Geral chegou há pouco tempo, mas é alguém de excecional, está disposta a ajudar a Santa Casa, como todos os Portugueses, é uma pessoa formidável, francamente estimo e já tenho muita consideração por ela” completou Ilda Nunes ao LusoJornal.

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Durante todo o ano, a Santa Casa da Misericórdia de Paris comemora o seu 30° aniversário. No dia 15 de junho organizou um jantar de Gala no Senado de Paris, agora organizou a sua 10ª Corrida Solidária e no dia 16 de novembro vai organizar o habitual Jantar Solidário na Sala Vasco da Gama, em Valenton.

“Este ano também vamos ter o primeiro Dia da Solidariedade, em toda a França, no dia 11 de novembro, dia de muitas festas, de S. Martinho e dos magustos” garante Ilda Nunes. “Pedimos que cada associação que realize eventos, ponha uma soma de lado, mesmo simbólica, para ajuda à Santa Casa da Misericórdia de Paris. Nem que seja uma soma pequena, simbólica, mas para nós, e sobretudo para quem necessita, é muito importante”.

Ilda Nunes lembrou que há uma “diferença muito grande” entre a Misericórdia de Lisboa e a de Paris. A de Lisboa beneficia dos benefícios dos jogos, tem bens próprios e o Provedor é nomeado pelo Governo. “A Misericórdia de Paris é uma associação como qualquer outra, sujeita à lei francesa de 1901, e depois tem um compromisso que devemos praticar as 14 obras de misericórdia, 7 corporais e 7 espirituais. Nós tentamos praticá-las, mas não temos fundos, não temos imobiliário, não temos bens, a Misericórdia de Paris vive com donativos, recolhas durante os eventos, e algumas ajudas, pequenas, da DGACCP, como qualquer outra associação”.

Também é uma prática habitual que os membros e os dirigentes da Instituição pagam para participar nas atividades. “Estamos aqui na Corrida, mas todos nós pagámos o mesmo montante da nossa participação. Nos jantares de gala é a mesma coisa. Eu sou Provedora, mas paguei para correr e pago as minhas cotas normalmente” explica. “Tudo quanto recolhemos é mesmo para ajudar os mais necessitados”.

LusoJornal