Paulo Pisco questiona Governo sobre crise nos leitorados e cursos de português no estrangeiro


O PS questionou o Governo sobre o que classifica de “uma crise nos leitorados e cursos de português no estrangeiro”, afirmando que a falta de condições está a criar graves dificuldades no recrutamento de novos leitores e professores. Se há alguns anos, quando o Instituto Camões abria concursos para leitores de português havia várias dezenas de candidatos, agora há casos em que não aparece nenhum”.

As perguntas dirigidas ao Ministro dos Negócios Estrangeiros visam saber se o Governo tem conhecimento desta situação, nomeadamente “a situação dramática que os leitorados e docentes de língua e cultura portuguesa em universidades estrangeiras atravessam”.

Segundo o Deputado Paulo Pisco, o primeiro subscritor do documento, além de questões financeiras e da carreira destes profissionais, tanto os docentes locais como os professores portugueses sentem grandes limitações para poderem exercer várias atividades que visam, precisamente, a divulgação da língua portuguesa.

“É importante referir que há mais de 30 anos que não existem quaisquer atualizações nem dos suplementos de residência, nem em relação aos salários” dizem no texto. “Em grande parte dos casos, ensinar nas universidades, nos cursos de português tornou-se um caso de amor à camisola, com muito esforço para não abandonar tudo por falta de apoio, orientações e condições, em situação de grande precariedade, sem autonomia e sem o devido reconhecimento”.

O ensino da língua e cultura portuguesas em diversos países, ao nível do ensino superior, é assegurado pelo Instituto Camões através da sua rede de leitorados, em cooperação com instituições de ensino superior e organizações internacionais.

Para além de Paulo Pisco, assinaram o documento os Deputados João Paulo Rebelo, Edite Estrela, Gilberto Anjos e José Luís Carneiro.

O PS lamenta ainda que no Orçamento do Estado para 2025 não existam “medidas, orientações ou rubricas orçamentais no domínio da promoção da língua e da cultura e da sua internacionalização”.

E por isso, quer saber se o Governo tem a intenção de “atualizar os atuais protocolos com universidades no estrangeiro e noutros países onde se justifique, de forma a atualizar as condições salariais, de trabalho e de autonomia dos docentes por eles abrangidos”.

O PS defende um acompanhamento de proximidade e dos recursos humanos e materiais adequados e quer saber se esta é a intenção do executivo.

Os subscritores do texto perguntam se “considera o Governo a possibilidade de realizar uma campanha robusta de sensibilização a nível das autoridades de ensino superior no estrangeiro e junto da Comunidade portuguesa, como meio de valorização e promoção da língua portuguesa” e pergunta ainda se “sem descurar uma ação equivalente noutros países, considera ou não relevante o Goverbo intervir ao mais alto nível junto do Presidente da República francesa e das autoridades de ensino superior e da Educação Nacional, de forma a garantir a valorização e promoção que a língua em todos os graus de ensino”.

Paulo Pisco disse que os leitores e os professores sentem “uma grande desmotivação”, porque se “sentem abandonados e injustiçados” e afirma que a consequência imediata desta situação é a redução de alunos destes cursos.

LusoJornal