Saúde: Glaucoma: o assassino silencioso da visão


O glaucoma é uma doença ocular crónica caracterizada pela lesão progressiva do nervo ótico, geralmente associada a um aumento da pressão intraocular (PIO). Essa lesão leva a uma perda gradual do campo visual e, se não tratada, pode mesmo resultar em cegueira irreversível.

Embora a pressão intraocular elevada seja um dos principais fatores de risco, o glaucoma também pode ocorrer em pessoas com pressão intraocular normal. O mecanismo exato varia entre os tipos de glaucoma, mas geralmente envolve a degeneração das fibras do nervo ótico devido à pressão ou a outros fatores que afetam a sua vascularização e respetivo funcionamento.

De uma forma simples, o olho é uma bola que de um lado, corpo ciliar, produz um líquido, humor aquoso, que enche a bola e do outro lado há uma saída, drenagem pelo angulo camerular, para este líquido. O princípio é, o volume que entra deve ser igual ao que sai, pois se não for, aumenta a pressão dentro do olho, tensão ocular, e, destrói as fibras do nervo ótico, a visão.

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Tratamentos disponíveis

Os tratamentos possíveis, assim como o seu objetivo, são:

O objetivo principal é reduzir e controlar a pressão intraocular para prevenir a progressão da doença. As opções possíveis e que se implementam de forma progressiva são as seguintes e pela ordem apresentada:

– Medicação: Colírios e, por vezes, comprimidos para diminuir a produção ou aumentar a drenagem do humor aquoso.

– Laser: Procedimentos como trabeculoplastia ou iridotomia. Assim como laser para reduzir a produção de humor aquoso.

– Cirurgia: Como a trabeculectomia ou implantes para facilitar a drenagem

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Riscos na cirurgia

Como em qualquer procedimento cirúrgico, a cirurgia para o glaucoma apresenta riscos, embora na maioria dos casos os benefícios superem os potenciais perigos, especialmente em estádios avançados da doença onde outros tratamentos não são eficazes.

A cirurgia é geralmente realizada para reduzir a pressão intraocular (PIO), melhorando a drenagem do humor aquoso ou diminuindo a sua produção, e pode envolver diferentes técnicas.

Os riscos gerais associados à cirurgia do glaucoma são:

1. Infeção (endoftalmite): Embora raro, existe o risco de infeção intraocular após a cirurgia.

2. Hemorragias: Complicações hemorrágicas podem ocorrer, especialmente em pacientes com doenças vasculares ou em uso de anticoagulantes.

3. Hipotonia ocular: A pressão intraocular pode ficar demasiado baixa após a cirurgia, o que pode levar a distorções na estrutura do olho e comprometimento visual.

4. Cicatrização excessiva: O tecido cicatricial pode bloquear os canais criados durante a cirurgia, reduzindo a eficácia do procedimento.

5. Perda temporária ou permanente da visão: Em casos raros, pode ocorrer deterioração da visão devido a complicações intraoperatórias ou pós-operatórias.

6. Descolamento da coroide: Ocorre quando o líquido se acumula entre a coroide e a esclera, resultando em desconforto ou comprometimento visual.

7. Catarata: Em algumas técnicas, como a trabeculectomia, há um aumento do risco de desenvolvimento ou aceleração de cataratas.

8. Visão turva ou desconforto temporário: Muitos pacientes relatam visão turva ou desconforto nos primeiros dias ou semanas após a cirurgia.

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Tipos de cirurgias e riscos específicos:

1. Trabeculectomia: Um dos procedimentos mais comuns. Risco de cicatrização excessiva ou hipotonia ocular.

2. Cirurgia com dispositivos de drenagem: Implantes como válvulas podem deslocar-se ou obstruir-se.

3. Laser (trabeculoplastia ou iridotomia): Embora menos invasivos, podem causar inflamação ou picos de PIO imediatamente após o procedimento.

Embora nesta breve descrição se apresentem todas as complicações possíveis, é de referir que são em percentagem muito pequenas, e, o benefício futuro suplanta em muitos os riscos possíveis.

Aqui, refiram-se que o cumprimento das recomendações médicas e cuidados pessoais ajudam a reduzir ainda mais as complicações.

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Cuidados após a operação

Minimizar os riscos:

a) Escolha de um cirurgião experiente: Um oftalmologista especializado pode reduzir significativamente o risco de complicações.

b) Seguimento pós-operatório rigoroso: Controlos regulares são essenciais para monitorizar a pressão ocular e a cicatrização.

c) Adesão às recomendações médicas: Inclui o uso de medicação pós-cirúrgica (antibióticos, anti-inflamatórios) e evitar esforços físicos excessivos nas primeiras semanas.

Embora os riscos existam, a cirurgia é, quando recomendada, a melhor opção para preservar a visão em pacientes com glaucoma avançado ou de difícil controlo.

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Professor Doutor Eugénio Leite

Oftalmologista

Diretor das clínicas Leite em Lisboa e Coimbra

LusoJornal