Saúde: Glaucoma: o assassino silencioso da visão_LusoJornal·Saúde·9 Dezembro, 2024 O glaucoma é uma doença ocular crónica caracterizada pela lesão progressiva do nervo ótico, geralmente associada a um aumento da pressão intraocular (PIO). Essa lesão leva a uma perda gradual do campo visual e, se não tratada, pode mesmo resultar em cegueira irreversível. Embora a pressão intraocular elevada seja um dos principais fatores de risco, o glaucoma também pode ocorrer em pessoas com pressão intraocular normal. O mecanismo exato varia entre os tipos de glaucoma, mas geralmente envolve a degeneração das fibras do nervo ótico devido à pressão ou a outros fatores que afetam a sua vascularização e respetivo funcionamento. De uma forma simples, o olho é uma bola que de um lado, corpo ciliar, produz um líquido, humor aquoso, que enche a bola e do outro lado há uma saída, drenagem pelo angulo camerular, para este líquido. O princípio é, o volume que entra deve ser igual ao que sai, pois se não for, aumenta a pressão dentro do olho, tensão ocular, e, destrói as fibras do nervo ótico, a visão. . Tratamentos disponíveis Os tratamentos possíveis, assim como o seu objetivo, são: O objetivo principal é reduzir e controlar a pressão intraocular para prevenir a progressão da doença. As opções possíveis e que se implementam de forma progressiva são as seguintes e pela ordem apresentada: – Medicação: Colírios e, por vezes, comprimidos para diminuir a produção ou aumentar a drenagem do humor aquoso. – Laser: Procedimentos como trabeculoplastia ou iridotomia. Assim como laser para reduzir a produção de humor aquoso. – Cirurgia: Como a trabeculectomia ou implantes para facilitar a drenagem . Riscos na cirurgia Como em qualquer procedimento cirúrgico, a cirurgia para o glaucoma apresenta riscos, embora na maioria dos casos os benefícios superem os potenciais perigos, especialmente em estádios avançados da doença onde outros tratamentos não são eficazes. A cirurgia é geralmente realizada para reduzir a pressão intraocular (PIO), melhorando a drenagem do humor aquoso ou diminuindo a sua produção, e pode envolver diferentes técnicas. Os riscos gerais associados à cirurgia do glaucoma são: 1. Infeção (endoftalmite): Embora raro, existe o risco de infeção intraocular após a cirurgia. 2. Hemorragias: Complicações hemorrágicas podem ocorrer, especialmente em pacientes com doenças vasculares ou em uso de anticoagulantes. 3. Hipotonia ocular: A pressão intraocular pode ficar demasiado baixa após a cirurgia, o que pode levar a distorções na estrutura do olho e comprometimento visual. 4. Cicatrização excessiva: O tecido cicatricial pode bloquear os canais criados durante a cirurgia, reduzindo a eficácia do procedimento. 5. Perda temporária ou permanente da visão: Em casos raros, pode ocorrer deterioração da visão devido a complicações intraoperatórias ou pós-operatórias. 6. Descolamento da coroide: Ocorre quando o líquido se acumula entre a coroide e a esclera, resultando em desconforto ou comprometimento visual. 7. Catarata: Em algumas técnicas, como a trabeculectomia, há um aumento do risco de desenvolvimento ou aceleração de cataratas. 8. Visão turva ou desconforto temporário: Muitos pacientes relatam visão turva ou desconforto nos primeiros dias ou semanas após a cirurgia. . Tipos de cirurgias e riscos específicos: 1. Trabeculectomia: Um dos procedimentos mais comuns. Risco de cicatrização excessiva ou hipotonia ocular. 2. Cirurgia com dispositivos de drenagem: Implantes como válvulas podem deslocar-se ou obstruir-se. 3. Laser (trabeculoplastia ou iridotomia): Embora menos invasivos, podem causar inflamação ou picos de PIO imediatamente após o procedimento. Embora nesta breve descrição se apresentem todas as complicações possíveis, é de referir que são em percentagem muito pequenas, e, o benefício futuro suplanta em muitos os riscos possíveis. Aqui, refiram-se que o cumprimento das recomendações médicas e cuidados pessoais ajudam a reduzir ainda mais as complicações. . Cuidados após a operação Minimizar os riscos: a) Escolha de um cirurgião experiente: Um oftalmologista especializado pode reduzir significativamente o risco de complicações. b) Seguimento pós-operatório rigoroso: Controlos regulares são essenciais para monitorizar a pressão ocular e a cicatrização. c) Adesão às recomendações médicas: Inclui o uso de medicação pós-cirúrgica (antibióticos, anti-inflamatórios) e evitar esforços físicos excessivos nas primeiras semanas. Embora os riscos existam, a cirurgia é, quando recomendada, a melhor opção para preservar a visão em pacientes com glaucoma avançado ou de difícil controlo. . Professor Doutor Eugénio Leite Oftalmologista Diretor das clínicas Leite em Lisboa e Coimbra