Saúde: Conversar para melhorar os relacionamentos_LusoJornal·Saúde·16 Dezembro, 2024 Várias pesquisas mostram que os casais que conversam abertamente sobre questões sexuais estão mais satisfeitos com os seus relacionamentos. No entanto, muitas pessoas preferem suportar uma vida sexual infeliz do que ter uma “conversa delicada”. A comunicação de conflitos é sempre difícil, em grande parte porque estamos motivados para evitar emoções negativas. Temos receio de não conseguir regular as emoções e aquilo que verbalizamos. Até os casais que são bons a resolver vários tipos de conflito, ficam bloqueados quando se trata de abordar os problemas sexuais. Temos tendência para seguir padrões culturais sobre como é suposto o ato sexual acontecer, em vez de comunicarmos as nossas preferências e perguntar quais são as dos nossos parceiros. Diferentes investigações mostraram que os casais evitam a comunicação de conflitos porque os percecionam como três tipos de ameaça: – Ameaça ao relacionamento: as pessoas temem que a discussão sobre o conflito prejudique a relação. Ou seja, atribuem importância os seus relacionamentos mesmo quando não são felizes. Por isso, preferem não dizer nada, a arriscar um conflito que poderia levar a uma melhoria na relação, mas que também poderia levar à rutura. – Ameaça ao parceiro: as pessoas temem que a discussão sobre conflitos possa magoar os seus companheiros. Ou seja, preocupam-se com o bem-estar dos seus companheiros, mesmo quando não estão felizes com a maneira como o relacionamento corre. – Ameaça para si mesmo: as pessoas receiam que a discussão sobre conflitos as torne vulneráveis. Se revelam muito sobre si mesmos, ficam preocupados com o facto de o seu companheiro os desaprovar ou fazer com que se sintam envergonhados. . Criar um ambiente de confiança Nos relacionamentos amorosos duradouros, o principal desafio é conseguir manter uma relação construtiva e gratificante para os dois. Temos a tendência de considerar que o outro é o responsável pelo sucesso ou fracasso do nosso relacionamento. Mas, o mais importante, é pensar e identificar o que gera desconforto e insatisfação em nós próprios. O trabalho, a dificuldade em gerir o tempo profissional e a vida familiar, o descontentamento com a nossa imagem corporal, a ansiedade, a insatisfação pessoal, acabam por ocupar demasiado espaço na nossa mente. Os casais com um relacionamento longo acabam por cair na rotina e, deixam que os problemas do dia a dia ocupem demasiado espaço. Com o tempo, deixam de comunicar de forma eficaz, não dão atenção às necessidades do outro, não expressam os afetos, não valorizam o que desperta o prazer sexual de cada um. Estão em piloto automático, e comunica-se pouco. Muitos casais que são atenciosos um com o outro passam tempo em família, mas não reservam tempo para namorar, para ficarem a sós. Ambos se acomodam e perdem o hábito de seduzir. O resultado é a diminuição do bem-estar e da satisfação sexual. Os estudos revelam que os casais que conversam sobre questões sexuais estão mais satisfeitos com os seus relacionamentos. Quando falam sobre os seus problemas, percebem melhor as preferências dos parceiros. Mas há uma área de conflito que muitos casais evitam discutir: dificuldades nos desejos sexuais. Quando comunicamos com o/a companheiro as nossas dificuldades ou necessidades, devemos demonstrar vontade de resolver a situação. Sendo que, desta forma, estamos a fortalecer a comunicação e a relação. Colocar o foco no prazer em vez da performance durante o sexo A experiência sexual vivida com entrega, com presença, com ligação, é fundamental para o prazer, e para o orgasmo. Sobretudo para mulheres, o orgasmo exige ligação e entrega. A performance sexual acontece quando um dos parceiros se envolve na atividade sexual sem ter interesse. Não há desejo, a excitação é pouca, a pessoa não está interessada, não entrega nada de si. Esta situação é mais frequente nas relações de longa duração. Existe interesse sexual, mas a sexualidade não é importante, consequentemente, abdicamos do prazer. Nestes casos, é importante promovermos o autoconhecimento sobre a importância da sexualidade e do prazer sexual para a nossa vida. É responsabilidade de cada um (e não só do outro) procurar os estímulos sexuais necessários para alcançar o prazer. . Dra. Isa Silvestre Psicóloga Clínica / Sexóloga Clínica de Psicologia Isa Silvestre, Lisboa