Portugal é Campeão do mundo de futebol de sub-17 pela primeira vez_LusoJornal·Desporto·28 Novembro, 2025 Portugal conquistou ontem o título mundial de futebol de sub-17, pela primeira vez, ao vencer a Áustria, por 1-0, em Doha, na final do Campeonato do Mundo. Um golo de Anísio Cabral, ainda na primeira parte, aos 32 minutos, decidiu o encontro a favor da equipa das ‘quinas’. Atual Campeã europeia, a Seleção portuguesa já tinha assegurado a melhor participação de sempre na competição, superando o terceiro lugar de 1989, então disputado no escalão de sub-16, com o atual Selecionador Bino Maçães no elenco luso. Portugal chegou à final à quarta presença, em 20 edições, depois do terceiro lugar em 1989, na Escócia, e de ter sido eliminado nos quartos de final em 1995, no Equador, e 2003, na Finlândia. No percurso para o jogo decisivo, a Seleção lusa eliminou o Brasil nas meias-finais, no desempate por grandes penalidades (6-5, após empate 0-0), depois de ter afastado a Suíça (2-0), nos ‘quartos’, o México (5-0), nos ‘oitavos’, a Bélgica (2-1), nos 16 avos de final, e de ter terminado no segundo lugar do Grupo B, atrás do Japão (derrota por 2-1) e à frente de Marrocos e Nova Caledónia, que goleou por 6-0 e 6-1, respetivamente. A equipa das ‘quinas’ tornou-se na 11ª Seleção campeã mundial no escalão, a sétima com um título, ao suceder à Alemanha, Campeã em 2023, no historial, que continua a ser dominado pela Nigéria (1985, 1993, 2007, 2013 e 2015), com mais um cetro do que o Brasil (1997, 1999, 2003 e 2019). Este é o terceiro título de Campeão do mundo conquistado por Portugal, depois dos triunfos nos Mundiais de sub-20, em 1989, na Arábia Saudita, e 1991, em Portugal, em ambos os casos sob a orientação de Carlos Queiroz. Apesar da derrota, a Áustria protagonizou a sua melhor campanha de sempre, depois de nas duas presenças anteriores, em 1997, no Egito, e em 2013, nos Emirados Árabes Unidos, não ter superado a fase de grupos, nem vencido qualquer dos seis jogos. . Bino Maçães (Selecionador de Portugal): “É fantástico [ser Campeão da Europa e Campeão do mundo em sub-17 no mesmo ano]. É um grande trabalho dos ‘miúdos’. Sabíamos que esta final ia ser muito difícil. Já havia um desgaste muito grande. Mas eles estiveram fantásticos naquilo que foi pedido. Parabéns! Dificilmente isto vai ser igualado. Por tudo o que já fizeram, que possam ter um futuro fantástico. Isso é que é importante para valorizar o que fizeram. Estou muito feliz, embora eu seja mais controlado [nos festejos], mas essa é a minha natureza. Estou muito satisfeito pelas pessoas que gostam de mim, pelas pessoas que me apoiam, pela minha família, pelos meus amigos, que ‘torcem’ por mim nos bons e maus momentos, e, acima de tudo, pelos portugueses, porque dignificámos mais uma vez Portugal. Conseguimos pôr esta geração no nível mais elevado que existe. Vamos festejar. Temos um apuramento a seguir, mas hoje há que desfrutar. Em termos de organização, do que pretendíamos defensivamente, os jogadores estiveram acertados. Tivemos um ou outro erro, mas merecemos ganhar esta final inteiramente. É um grande prémio para todos. Estava muito seguro da qualidade dos nossos jogadores. Quero dedicar esta vitória ao Gil [Neves], porque esteve connosco no campeonato da Europa e foi a única alteração que fizemos. Ele também tem tido um trajeto fantástico no Benfica. Continua a ser um dos ‘nossos’. Lembro também o Chico [Francisco Fernandes] e o Diego Coxi, que tiveram de sair da convocatória final. Esperemos que, no final, possam estar presentes, a saborear estas vitórias”. . Bernardo Lima (jogador de Portugal): “É mesmo um ano inesquecível. Se me perguntassem há um ano se estaria aqui, provavelmente duvidaria um bocado. Mas esta equipa é incrível. Temos uma grande união que demonstrámos. Graças a isso, conseguimos conquistar o Europeu e o Campeonato do mundo. Foi incrível a sensação de levantar outra taça. Esta foi um bocadinho ainda mais especial, porque ‘conquistámos’ o mundo. Elevámos Portugal ao máximo. Era isso que queríamos fazer. Conseguimos. Sabíamos disso [que eram 48 Seleções]. Era uma competição que ambicionávamos muito ganhar. Trabalhámos imenso para isso. Foi um mês de muito trabalho e de muito sacrifício. Estivemos todos longe das nossas famílias, dos nossos amigos e de Portugal. No final, esse esforço valeu a pena”. . Pedro Proença (Presidente da Federação Portuguesa de Futebol): “Esta Seleção continua a manter o mesmo mérito. Não era por ganharmos ou perdermos que iria ter ou deixar de ter. Primeiro, quero dar uma grande saudação aos clubes, porque são a base deste sucesso, às associações distritais, ao futebol profissional. Desde que chegámos à Seleção, quisemos este ‘virar de página’, esta ambição que não se cruza com algo que não seja a realidade. Passados 34 anos do último grande título, quero lembrar duas pessoas fundamentais: o último presidente campeão do mundo, Gilberto Madail, e, num ano muito difícil para o futebol português, lembrar um dos capitães que foi campeão do mundo sub-20 em 1991, o Jorge Costa, que desapareceu. Sem arrogância, habituem-se, porque estamos cá para ganhar, para elevar a autoestima do povo português, com esta alegria imensa. Deixo uma palavra de reconhecimento aos adeptos que vieram a Doha. Deixo um sentimento de grande alegria pelo que estamos a fazer no futebol português. O futebol português é isto, é esta felicidade. O Presidente da FIFA [Gianni Infantino] dava-me os parabéns e perguntava-me: ‘Como é que é possível um país tão pequeno, com 10 milhões de habitantes, criar tanto talento?’. Podemos assegurar aos portugueses que o sucesso não vai acontecer só no próximo campeonato do Mundo. Os próximos 20 anos estão assegurados, porque há um trabalho de base que assegura resposta aos desafios. Deixo um abraço muito grande ao ‘mister’ [Bino Maçães], que, a determinada altura, acreditou que era possível ser campeão do mundo hoje. Convoco todos os portugueses para receber esta seleção, que chegará no sábado, que estará na Cidade do Futebol às 14:30. Eles merecem, porque são uns ‘heróis’. Guardem o nome destes meninos, porque os últimos que foram campeões, Rui Costa, Jorge Costa, João Vieira Pinto e muitos outros, foram as ‘estrelas’ que nos acompanharam nestas últimas gerações”. . Mateus Mide (jogador de Portugal): “O que vai no ‘coração’ é só felicidade. Não sei como posso exprimir o meu sentimento. Por enquanto, 2025 é o melhor ano da minha vida. Este prémio [de melhor jogador do campeonato do mundo de sub-17] é uma distinção muito boa. Sinto-me muito orgulhoso de o ter recebido. Sinto que o trabalho da equipa também foi reconhecido”. . Romário Cunha (jogador de Portugal): “É um orgulho ter os meus familiares aqui presentes. Foi fantástico ter o apoio deles. Isso foi muito importante para a nossa vitória no campeonato do mundo”. . Tomás Soares (jogador de Portugal): “A nossa mentalidade fez toda a diferença durante o Europeu e agora no Mundial. Estar aqui durante um mês é extremamente cansativo, longe da família, longe de tudo. Agarrámo-nos uns aos outros. Isso faz sempre a diferença”. . Martim Chelmik (jogador de Portugal): “Se ganhássemos o Mundial, seria o melhor ano da minha vida. Confirmou-se: é o melhor ano da minha vida. Ganhei um Europeu e um Mundial. Concretizei dois ‘sonhos’ no mesmo ano. Não podia estar mais orgulhoso de mim, da minha equipa e da minha família”. . Anísio Cabral (jogador de Portugal): “Senti-me muito bem. Marcar um golo é sempre muito especial. Somos campeões do mundo. Têm de respeitar Portugal da maneira que somos. Os golos vêm do muito trabalho, meu e da equipa toda. Tenho de agradecer a quem sempre me apoiou. Da última vez, não tivemos uma chegada muito apropriada a Portugal. Desta vez, tem de ser de ‘arromba’”. . Duarte Cunha (jogador de Portugal): “É um orgulho muito grande, tanto para mim, como para os meus companheiros, saber que representámos da melhor maneira o nosso país. Elevámos o nosso país ao mais alto nível. Representei o país, o meu clube [FC Porto], a minha terra, Vila Nova de Cerveira”. . João Aragão (jogador de Portugal): “É um orgulho inexplicável ter todos estes adeptos que nos vêm apoiar, com a minha família e a família dos meus colegas. Fizemos história. Já temos um campeonato europeu e um campeonato do mundo. Julgo que ninguém vai fazer o que fizemos. Hoje, só vamos festejar”. . José Neto (jogador de Portugal): “São sentimentos inexplicáveis. Ser Campeão europeu já tinha sido muito bom. Ser campeão mundial é algo para que não tenho palavras. Estou muito orgulhoso do que o nosso grupo fez. Somos um grupo muito unido. Damos sempre ‘a vida’ uns pelos outros. Merecemos esta conquista”. . Rafael Quintas (jogador de Portugal): “É um orgulho gigante. Poder representar Portugal já é incrível. Poder fazê-lo num campeonato do mundo ainda mais. Ser ‘capitão’ aumenta a responsabilidade. Ser campeão é inesquecível. Fizemos história e queremos continuar a fazer com esta Seleção. Respeitámos sempre o nosso adversário e tentámos entrar sempre nos jogos da melhor maneira. Demonstrámos a nossa humildade. O resultado veio da nossa qualidade e do nosso espírito de sacrifício”.