Academia do Bacalhau de Paris prepara Assembleia Geral e distribuiu cerca de 100 mil euros durante o mandato do Presidente Luis Gonçalves


Estão abertas, até ao fim do mês de janeiro, as candidaturas para a Direção da Academia do Bacalhau de Paris, cuja Assembleia Geral deve ter lugar em março, no Consulado-Geral de Portugal na capital francesa. Luís Gonçalves vai cessar funções de Presidente desta instituição e disse ao LusoJornal que a média anual dos montantes doados pela Academia do Bacalhau de Paris rondam dezenas de milhares de euros.

“Os montantes anuais dos donativos que fazemos a pessoas ou instituições, sobre diversas formas, atingim dezenas de milhares de euros. No ano passado rondou os 50.000 euros e este ano vai rondar por ai tambem” disse ao LusoJornal o Presidente ainda em exercício.

O movimento das Academias do Bacalhau nasceu na África do Sul em 1968, mas a Academia do Bacalhau de Paris só foi criada em 1998 e foi constituída legalmente em 2008. Luís Gonçalves lembra que “os três pilares fundamentais das Academias do Bacalhau são a Amizade, a Solidariedade e a Portugalidade”.

Para ajudar aqueles que mais necessitam, os membros da Academia do Bacalhau – os “Compadres”, como lhes chamam – pagam uma quota anual, e sobretudo organizam jantares cujo benefício serve para angariar fundos, assim como tombolas, leilões de peças de arte ou outras.

Mas Luís Gonçalves insiste em destacar o apoio financeiro de quatro empresas do “universo” português em França, como é o caso do Banque BCP, da Caixa Geral de Depósitos, da Império e da Fidelidade. “São os nossos principais parceiros. Sem eles não poderiamos fazer grande coisa” completa.

Uma das várias Comissões do organograma da Academia do Bacalhau serve precisamente para analisar os pedidos que recebe. “Infelizmente são muitos os pedidos que nos chegam” diz o Presidente da instituição.

“Recentemente a Academia do Bacalhau ajudou um jovem deficiente que necessitava de obras de melhoramento no interior da sua moradia, para se movimentar com uma cadeira de rodas e nós pagámos o custo total dessa obra no valor de 13.000 euros” explica Luís Gonçalves ao LusoJornal. “Um outro jovem precisava de uma carrinha adaptada porque é deficiente e tinha um custo elevadíssimo que rondou os 17.000 euros. Também decidimos ajudar”.

Mas a Academia do Bacalhau ajuda também outro tipo de projetos. Por exemplo, ajudou uma professora de português que dá aulas de português em Paris, que levou 22 alunos a Portugal. “Não eram filhos de emigrantes portugueses, mas queriam conhecer Portugal e a língua portuguesa” explica Luís Gonçalves. “Esta professora pediu-nos com tanto entusiasmo e ajudámos. A viagem concretizou-se em julho de 2023 com uma visita a Lisboa”. E está agora a analisar um pedido da lusodescendente Aurore Descamps-Ronsin, que está a preparar uma tese de doutoramento sobre o antigo Cônsul de Portugal em Arras, Louis Lantoine.

A lista de apoios são diversas e muito grande e também podem ser ajudas em género, como por exemplo as 520 caixas de roupa que já foram distribuídas por vários municípios portugueses no quadro da operação “Roupas sem Fronteiras” ou até o apoio que a Academia do Bacalhau de Paris dá na recolha sempre de roupas e de bens alimentícios para a campanha de solidariedade da Santa Casa da Misericórdia de Paris.

O destino dos apoios também é variado, tanto podem ser ajudas em França, como em Portugal continental, como já foi na Madeira, nos Açores, em São Tomé e Príncipe… e até na Ucrânia, quando começou a Guerra com a Rússia. “Doámos brinquedos para que as crianças tivessem um Natal diferente em 2022. Sem esquecer as crianças hospitalizadas”. Neste caso, é a “Comissão dos Hospitais” que organiza visitas mensalmente e no período de Natal, não esquecendo o Pai Natal.

“Claro que estamos mais atentos quando nos chegam pedidos de compatriotas nossos, aqui, que têm necessidades, mas não apoiamos exclusivamente portugueses. Ainda agora ajudámos uma instituição que não é portuguesa, mas fizemos um donativo de 4.000 euros por ser uma instituição que se ocupa de crianças e famílias em dificuldade. São pessoas que estão confrontadas com uma doença infantil rara e essas familias precisam de ajuda e acompanhamento quando de repente estão confrontados a situações dramaticas. Bateram à nossa porta e nós ajudámos” explicou Luís Gonçalves ao LusoJornal.

Atualmente há 66 Academias do Bacalhau espalhadas pelo mundo e vai ser inaugurada brevemente a 67ª, na Venezuela. O Congresso mundial das Academias é organizado em continentes diferentes todos os anos. Devido à situação particular na Venezuela, o último Congresso, que devia ter lugar naquele país, acabou por acontecer em Punta Cana, na República Dominicana. “Nos Congressos mundiais decidem-se muitas coisas. Tudo o que alterar as normas e as regras da Academia tem de ser decidido em Congresso e depois são aplicadas a todas as Academias”.

Luís Gonçalves diz que Academia do Bacalhau de Paris já apadrinhou a criação das Academias de Bordeaux, Lyon, Rouen e Bruxelas e Luxemburgo.

“Não temos um tipo específico de Compadre ou de Comadre” garante o Presidente. “Eu diria que tem de ser uma pessoa com um espírito amigo e solidário. Não é preciso ser rico, precisa de ser humano”. Só a Academia de Bacalhau de Paris tem cerca de 240 “Compadres” e “Comadres” e nos jantares mensais que organiza, junta sempre uma média de 100 a 130. “Muito mais se forem jantares de gala” diz Luís Gonçalves. “E vai do porteiro ao empresário, ao doutor, ao diretor de bancos e por aí além”.

Desde a presidência de Manuel Soares, a Academia do Bacalhau de Paris passou a ter uma sede social, recuperando um espaço que estava a ser ocupado pela Associação Portuguesa de Paris 12, junto ao Village Bercy. É ali que faz reuniões e que prepara as ações.

Luís Gonçalves conhece a casa por dentro, “já cá estou há 25 anos” diz. E lembrou ao LusoJornal o primeiro Presidente, José Jesus Pereira, um Chanceler da Embaixada de Portugal. Luís Malta foi o segundo Presidente e com o mandato mais longo, depois sucederam-lhe David Monteiro, António Fernandes, Carlos Ferreira, Fernando Lopes, Manuel Soares e agora Luís Gonçalves que termina o seu mandato em março.

LusoJornal