Agência de notação financeira Fitch desceu ‘rating’ da França e aumentou o de Portugal_LusoJornal·Comunidade·15 Setembro, 2025 A agência de notação financeira Fitch subiu o ‘rating’ de Portugal de ‘A-’ para ‘A’, com ‘outlook’ (perspetiva) estável, mas baixou a nota atribuída à divida soberana francesa de ‘AA-’ para ‘A+’, sancionando a França pela instabilidade política e pelas incertezas orçamentais, que comprometem o saneamento das suas contas públicas, que considera muito degradadas. No caso de Portugal, trata-se de um “reconhecimento do trabalho” feito pelo Governo, famílias e empresas, disse o Ministério das Finanças, num comunicado enviado às redações. A Fitch apontou vários motivos para subir a classificação de Portugal, como a redução contínua da dívida, uma posição orçamental equilibrada, défices reduzidos a partir de 2026, o aumento das exportações e um crescimento resiliente. Na nota, publicada após o anúncio da revisão em alta da classificação de Portugal pela organização, a tutela disse que “esta decisão é mais uma conquista para Portugal e o reconhecimento do trabalho que está a ser feito pelo Governo, pelas famílias e empresas, no sentido de promover o crescimento da economia, garantir o equilíbrio das contas públicas e a redução sustentada da dívida pública”. . Standard & Poor’s (S&P) também elevou a notação da dívida A tutela lembrou que se trata “da segunda revisão em alta do ‘rating’ para Portugal em apenas duas semanas”, sendo que “no final do mês de agosto, também a Standard & Poor’s (S&P) elevou a notação da dívida de ‘A’ para ‘A+’”, salientou. “Sendo o ‘rating’ determinante para a forma como o país é percecionado pelos investidores externos e para os custos do seu financiamento, esta segunda subida da notação financeira é uma excelente notícia para Portugal e para os portugueses”, salientou. O Governo disse ainda que a Fitch assinalou que “Portugal é dos países que mais conseguiu reduzir a dívida pública, entre aqueles que são analisados, mantendo uma política orçamental prudente e um crescimento robusto”. Destacou ainda que “o país tem registado melhor desempenho orçamental do que os seus pares” e que “a redução do endividamento externo e as perspetivas para a economia portuguesa, com um crescimento superior à média da zona euro em 2026 e 2027”, são também destacadas de forma positiva. . França sancionada pela instabilidade política e pelas incertezas orçamentais A Fitch baixou a nota atribuída à divida soberana francesa para ‘A+’, sancionando a França pela instabilidade política e pelas incertezas orçamentais, que comprometem o saneamento das suas contas públicas, que considera muito degradadas. A abrir a série de revisões de outono dos ‘ratings’ destas agências, a Fitch divulgou na sexta-feira uma apreciação severa das finanças públicas da segunda economia da Zona Euro, quatro dias depois da queda do governo de François Bayrou e da designação de um novo Primeiro-Ministro, Sébastien Lecornu, o terceiro em um ano. “A queda do Governo ilustra a fragmentação e a polarização crescente da política interna”, considerou a Fitch, em comunicado. “Esta instabilidade enfraquece a capacidade do sistema político a avançar com uma consolidação orçamental ampla”, acrescentou, considerando improvável a redução do défice abaixo do equivalente a três por cento do produto interno bruto (PIB) em 2029, como ambicionava o Governo que caiu, para colocar a França nos objetivos europeus. As finanças públicas francesas estão entre as mais deterioradas da Zona Euro, com uma dívida pública equivalente a 113,9% do PIB no final de março (3,345 mil milhões de euros) e uma previsão do Governo Bayrou de défice para 2025 de 5,4% do PIB. O crescimento económico previsto é de 0,8%, mas a economia padece de uma crise de confiança generalizada, segundo o instituto de estatística INSEE. Pessimista, a Fitch espera que a dívida pública continue a subir e atinja os 121% do PIB em 2027, “sem horizonte claro de estabilização nos anos seguintes”, o que reduz a sua capacidade de resposta a eventuais choques económicos. Assim, depois dos 5,5% que espera em 2025, a Fitch prevê um défice superior a cinco por cento em 2026 e 2027, enquanto o Governo cessante previa 4,6% em 2026. . Juros da França podem custar mais A descida da nota, que mede a capacidade da França de reembolsar a sua dívida, é relevante para a França, mesmo que tenha poucas consequências imediatas. Uma consequência pode ser a de os credores alienarem as suas posições nos títulos de dívida pública, em troca de colocações menos arriscadas, causando uma subida da taxa de juro que a França paga pelo seu endividamento. Isto agravaria os juros pagos pela França, estimados em cerca de 55 mil milhões de euros em 2025, ao passo que desde a dissolução da Assembleia Nacional, em junho de 2024, que a divida francesa é negociada a uma taxa superior à alemã e na terça-feira da semana passada chegou mesmo a passar a italiana. Esta descida da nota é a segunda que a Fith faz depois de abril de 2023, quando invocou as fortes tensões sociais ligadas às mudanças nas reformas. A Moody revelará a sua opinião em 24 de outubro e a S&P em 28 de novembro. As notas atribuídas por estas agências estão em ‘AA-’ ou equivalente, com perspetiva negativa no caso da S&P.