AILD esteve em Vilar Formoso para dizer “Obrigado e Boa Viagem” aos emigrantes que regressam


Este sábado, dia 24 de agosto, entre as 10h00 e as 13h00, a Associação Internacional dos Lusodescendentes (AILD) levou a cabo a 3ª edição da operação de despedida aos emigrantes “Obrigado e Boa Viagem”, na fronteira de Vilar Formoso, uma iniciativa que visa “homenagear e agradecer aos emigrantes portugueses pelo seu contributo económico durante o período de férias”.

Vários elementos da associação estiveram presentes na fronteira mais conhecida de Portugal, entre eles Cristina Passas, José Governo e Jorge Vilela. Distribuíram sacos com presentes e garrafas de água.

“Nós sabemos que este momento do regresso é difícil e para nós, enquanto associação, aquece-nos o coração, aquece-nos a alma, sempre que entregámos um kit que é um reforço para a viagem” disse ao LusoJornal Cristina Passas. “Temos muitos patrocinadores. É uma coisa maravilhosa que temos vindo a verificar: temos cada vez mais patrocinadores que se querem juntar a nós para apoiar esta operação. Nós estamos aqui fisicamente a trabalhar, mas há muita gente que emocionalmente está com os nossos emigrantes”.

Para além dos vários elementos da associação, esteve também presente a Vereadora da Câmara municipal de Almeida, Nazaré Ribeiro. “Nós vimos sempre receber os emigrantes, desejar-lhes umas boas férias no país, mas também queremos estar presentes para lhes desejar uma boa viagem, e dar-lhes algum apoio emocional. Até porque nós cá estamos para dar apoio às famílias que ficam aqui nos nossos conselhos e porque nós também temos familiares a residir fora de Portugal” disse a autarca ao LusoJornal.

Cristina Passas é filha de pais emigrantes e considera que “o sentimento de regresso continua exatamente o mesmo que nós tínhamos há 3, 4 ou 5 décadas atrás. As gerações são novas, mas o sentimento é o mesmo” e explicou que “a nossa ação permite minimizar a tristeza de quem regressa porque têm as suas vidas lá”.

Em conversa com o LusoJornal, Cristina Passas, que se deslocou de Mirandela para estar nesta operação na fronteira de Vilar Formoso, confessou que “lembro-me que a minha mãe dizia que a viagem de França para Portugal passava rápido, porque ela vinha às suas origens, ela vinha ver o pai, a mãe e a família, mas a viagem de regresso parecia que durava uma eternidade, parecia que nunca mais lá chegava, dado as saudades que deixava para trás. E é precisamente isso que temos ouvido hoje aqui”.

Para a Vereadora Nazaré Ribeiro, “vemos aqui duas facetas: vão muito contentes porque passaram férias no país mais bonito da União Europeia, mas depois têm a despedida dos familiares. Quando nós aqui os abordamos para lhes desejar boa viagem e lhes agradecer por terem vindo e às vezes falamos na despedida dos familiares, eles choram e nós não ficamos indiferentes a isso e também nos escorre alguma lágrima pela cara”.

Também Paulo Diniz, da Fundação AEP, marcou presença em Vilar Formoso numa ação de apoio à AILD. “Esta é uma iniciativa muito oportuna, muito gratificante, para nós que somos Portugueses e que felizmente não tivemos de sair do nosso país, sobretudo para aqueles que nos visitam no período de verão e que encontram aqui uma forma de se reencontrar com os seus, mas que, por razões que têm a ver com a sua vida, com a forma de estruturar as suas famílias, têm de regressar”. E acrescenta que “o regresso, muitas vezes é doloroso, e este gesto da AILD é um gesto de conforto, é um gesto de reconhecimento de uma vida de trabalho que os nossos emigrantes têm, e é uma forma muito simples de lhes agradecer este contributo que todos dão para Portugal”.

“Nota-se a emoção das pessoas, quando nós conseguimos fazer passar a mensagem. E a mensagem é essencialmente um Obrigado e um Até breve, assim o esperamos. As pessoas sentem este reconhecimento de Portugal e dos Portugueses e efetivamente choram. Choram porque o regresso é sempre mais doloroso do que a vinda para Portugal” disse Paulo Diniz.

A reportagem do LusoJornal constatou que havia pessoas que pegavam no porta-moedas para retribuir. “É um gesto bem português” comenta Paulo Diniz com um sorriso. “Eles gostam de contribuir, gostam de ajudar e quando vêm uma pessoa com um saco, pensam que lhes vêm vender algo, ou pedir para alguém ou para alguma coisa, e têm instintivamente o gesto de ir à carteira para contribuir. Isto é também um sentimento de boa vontade e de reconhecimento dos nossos emigrantes”.

Nos sacos distribuídos havia produtos de marcas portuguesas, algumas locais e outras nacionais, e “uma surpresa especial”: a possibilidade de os emigrantes serem premiados com um dos vários prémios oferecidos pelos patrocinadores da operação, “como forma de retribuição pelo seu impacto positivo na economia nacional”.

Dos prémios contam estadias no alojamento local “Ribeira House” para 2 pessoas, em quarto duplo com pequeno-almoço incluído, vouchers “Massagem Fonte Santa” nas Termas de Almeida – Fonte Santa e também o livro “A Menina da Boneca – Emigração dos Anos 60” de Maria da Conceição Tina Melhorado, numa oferta do Município de Almeida e da autora do livro.

O sorteio será realizado no dia 14 de setembro, em direto na página Facebook da AILD, “através de um gerador de números aleatório”.

A iniciativa contou também com o apoio da GNR local e das Infraestruturas de Portugal.

A Vereadora do município de Almeida aproveitou a reportagem do LusoJornal para convidar tosos os emigrantes a deslocarem-se – este ano ou nos próximos – no último fim de semana de agosto, para uma recriação histórica das Invasões francesas, “uma das festas mais bonitas que temos. Venham visitar-nos”.

LusoJornal