Andebol/Paulo Pereira: «Foi bom sentir o carinho dos Portugueses de França»

A Seleção Portuguesa de andebol realizou um feito histórico ao vencer a poderosa Seleção Francesa em Guimarães por 33-27 na 3ª jornada do grupo 6 de qualificação para o Euro-2020, antes de ser derrotada em França por 24-33 na 4ª jornada.

Paulo Pereira, Selecionador nacional de Portugal, em entrevista ao LusoJornal, falou desse resultado importante na evolução do andebol português, mas começou por agradecer o público português que esteve presente em Strasbourg a apoiar a equipa portuguesa.

 

O público português esteve presente em Strasbourg…

Havia pessoas a apoiar-nos em França. Foi bom sentir os carinhos dos Portugueses de França e de Portugueses que vieram para o jogo, fazendo vários quilómetros. Foi incrível poder dar uma alegria aos Portugueses que trabalham fora do país.

 

O primeiro jogo acabou por ser um triunfo em Guimarães, acreditavam que pudesse acontecer?

Sempre acreditamos que podíamos vencer. Aliás quando jogámos há dois anos atrás frente à Alemanha e à Eslovénia, fomos com a mesma mentalidade para vencer e empatámos com os Eslovenos. A Eslovénia que tinha terminado no terceiro lugar no Mundial naquele ano. Frente à Alemanha perdemos nos minutos finais, isso quando os Germânicos eram Campeões da Europa em título. O que significa que temos uma postura competitiva nesses grandes jogos, o que não acontecia nos jogos fora de casa. Voltando ao primeiro jogo frente à França, preparámos o jogo com a convicção que podíamos vencer. Sabíamos que seria um jogo difícil, mas admito que nunca imaginámos ter vantagens de oito golos durante o encontro, não acreditava. Acreditava era no triunfo, isso sim.

 

Marcaram a história do andebol português. Têm consciência disso?

Marcámos a história do andebol português, sem dúvidas. Foi excecional. Se podemos comparar: quando Portugal venceu a França em futebol, veio-me uma lágrima ao olho, e o país ficou emocionado com esse triunfo. No entanto no futebol, esses feitos podem acontecer. Pode acontecer que uma equipa dita ‘mais fraca’, vença a favorita ou a equipa teoricamente mais forte. Mas no andebol isso é muito mais difícil acontecer. É muito mais complicado uma equipa teoricamente mais fraca, vencer uma equipa teoricamente mais forte. Nós conseguimos! Ficamos para a história. Foi um momento excelente para o andebol e o desporto português.

 

Em França as reações foram duras contra os Franceses… A imagem do andebol português é assim tão fraca em território gaulês?

Eu acho que os especialistas franceses respeitam o andebol português. Antes do primeiro jogo li artigos em que os especialistas franceses diziam para a França ter cuidado com Portugal e que os Franceses iam ter dificuldades para vencer. Acho que também nunca lhes passou pela cabeça que os ‘Bleus’ podiam perder. Mas acho que o respeito já existe. Há muitos atletas portugueses em França e para o ano vai haver mais. É bom sinal porque o Campeonato francês é dos melhores do mundo. Conseguimos ‘exportar’ portugueses para esse Campeonato, o que é excelente para o andebol português. O triunfo de Portugal no primeiro jogo acabou por contribuir para a confirmação, se alguma dúvida existisse, que estamos no bom caminho. Pouco a pouco vamos conquistando o respeito de todos.

 

O que podemos dizer do segundo jogo?

Sentimos um pouco a ausência do Daymaro Salina, que fez um excelente primeiro jogo. O Daymaro na defesa, nesta Seleção, acaba por ser uma pessoa muito influente e por lesão ele esteve ausente no segundo jogo. O Alexis Borges e o Luís Frade ocuparam essa posição, fizeram um jogo excelente, foram guerreiros, mas aquela posição é bastante desgastante, e chegou um momento em que foi mais complicado. Ainda por cima o Alexis Borges foi excluído do jogo por acumulação de exclusões temporárias, o que agravou a situação. Acabámos por cometer também alguns erros e a França aproveitou. Não podíamos permitir golos fáceis à França. Acho no entanto que foram bons jogos. Durante 105 minutos, dos 120, jogámos a um nível altíssimo. Foram apenas 15 minutos, que até nós não gostamos, em que foi difícil manter o ritmo. 15 minutos não representa nada.

 

Portugal ocupa o 1° lugar com França… O apuramento está quase para o Euro-2020?

Eu creio que sim, no que diz respeito ao apuramento. Mais semana, menos semana, em junho, espero podermos fazer a festa em Bucareste, quando formos jogar à Roménia. Mas cuidado que a Lituânia é uma Seleção fortíssima. Para a Roménia e a Lituânia chegarem ao segundo lugar, é necessário vencer a França. Acho que vai ser complicado para elas. No entanto também já pensei nisso e ainda podemos ser um dos melhores terceiros se for necessário. Eu acredito que não vamos precisar desses cálculos, acho que vamos terminar no segundo lugar e garantir o apuramento para o Euro-2020. Aliás espero festejar o apuramento já no próximo jogo frente à Roménia.

 

 

LusoJornal