Angoulême: Morreu o escritor e editor franco-português Manuel da Silva

O escritor e editor franco-português Manuel da Silva faleceu, com 78 anos de idade, na noite do dia 17 ao 18 de setembro, em Angoulême, apesar de ter nascido em Roumazières-Loubet, na Charente, originário de uma aldeia perto de Chaves.

Manuel da Silva fez carreira num gabinete de estudos da EDF-GDF, até 2002. Quando se aposentou decidiu escrever um livro “Gaiteiro” sobre o pai, que teve de sair de Chaves onde era contrabandista, para fugir à GNR. “Gaiteiro” era precisamente a alcunha do pai. Ainda há poucos meses, o LusoJornal acompanhou Manuel da Silva à aldeia de onde saiu o pai. Foi com orgulho que mostrou a casa da avó e a casa onde viveu o pai antes de emigrar. “As minhas raízes estão aqui” disse com emoção, já bastante fragilizado pelos anos de doença.

O pai de Manuel da Silva foi um dos primeiros portugueses a instalar-se na Charente, em 1938, trabalhou nas fábricas e ingressou na Resistência francesa, durante a invasão nazi da II Guerra mundial.

No seguimento do sucesso do “Gaiteiro”, que foi aliás traduzido para português por Aurélio Pinto, Manuel da Silva criou, em 2006, a sua própria editora, “Mer du Sud”. Ele próprio escreveu cerca de 20 livros, uma boa parte relacionados com Portugal e, essencialmente, com a região de Chaves, onde comprou uma casa e onde passava férias regularmente, com a família e os muitos amigos franceses. Mas escreveu também romances policiais, biografias romanceadas, histórias de viagens…

Nos últimos anos, era presença assídua em salões literárias, encontros de escritores, não apenas para apresentar os seus livros, mas também para apresentar os dos muitos escritores que publicou.

Mas Manuel da Silva tinha outras paixões, nomeadamente o râguebi e a música. Tinha dois grupos de música, “Les Jaguars” e “Les Bordilleurs”. Aliás, durante as cerimónias fúnebres foram cantadas canções de Eddy Mitchell, Jean Ferrat e Johnny Hallyday.

Manuel da Silva foi sepultado na sexta-feira, em Genouillac, a terra da mulher, no jazigo de família, na presença de uma multidão de amigos e muitos portugueses. Coube à filha fazer-lhe uma emocionada homenagem.