António Vieira da Silva: um poeta e escritor açoreano radicado em Lyon

António Vieira da Silva nasceu nos Açores em 1990, numa família numerosa, pois tem onze irmãos! A ilha do Faial foi o seu primeiro universo de vida e onde começou a trabalhar no campo. As dificuldades da vida e o relacionamento com o pai, levou-o a ser escolarizado… só aos 14 anos de idade!

“Eu vivi o que não desejo a ninguém. Na companhia dos meus irmãos, estávamos ‘fechados’ no círculo familiar e no trabalho do campo quase como ‘escravizados’ pelo meu pai que pensava que estava no seu bom direito de pai. Se nos dava de comer… tínhamos que trabalhar também para a família. Era o seu principal valor, trabalhar” explicou ao LusoJornal.

Em 1998 viveu o terrível terremoto que afetou os Açores, “que me deixou imagens de destruição ainda hoje muito presentes”.

Em 2004, a mãe decidiu mudar de vida e romper com “práticas de outros tempos”. António acompanhou a mãe até ao continente. Viveu dos 14 aos 16 anos em Lisboa, em casa dos padrinhos, seguindo depois para o Porto, onde tinha passado a viver a mãe.

Autodidata e com muita curiosidade, aprendeu a ler e a escrever e rapidamente se encontrou ao nível escolar dos jovens da sua idade.

A sua professora, Maria Pereira, deu-lhe a descobrir o livro “O Principezinho” de Saint Exupéry, que revelou nele o gosto pela escrita. Na escola Napoleão Sousa Marques, na Trofa, onde estudou, começou a escrever textos com um pseudónimo: “Anjo da noite”. Constatou então que os seus textos eram apreciados pelos professores e pelos colegas, durante os anos 2007 e 2009. Os “medias” também o atraíam e criou um blogue – “Poesia-a-nascer” – onde editou cerca de 70 poemas e outros textos. Enveredou depois pelas redes sociais.

“O que eu escrevo é genuíno e verdadeiro, sou eu, na minha intimidade, o que por vezes me surpreende a mim mesmo” diz ao LusoJornal.

O primeiro livro que editou tem por título “Algo sobre mim. Algo sobre nós”, o segundo chama-se “E se o Para Sempre, não existir?” e o terceiro livro “Desassossego da Minha Alma”.

“Gosto muito de escrever dentro de certas condições reunidas que são o silêncio, paz e ouvindo música clássica” confessa António Vieira.

Em Portugal, começou por trabalhar num comércio de fruta e integrou o exército aos 19 anos. Emigrou para Moutiers, em França, aos 20 anos, mas regressou a Portugal no ano seguinte. Instalou-se no Algarve onde trabalhou por conta própria em “marketing e publicidade”.

Trabalhava, mas continuava a escrever. Mais tarde, António Vieira ingressou na hotelaria de luxo e foi bagagista numa unidade do grupo Pestana. Rapidamente progrediu e obteve o posto de rececionista tendo em conta os seus talentos para as línguas e também a sua simpatia e gosto de iniciativas.

O hotel cinco estrelas “Pestana Algarve Race”, no Algarve, foi o seu universo durante uns tempos, e onde, em paralelo, escrevia inspirando-se de António Lobo Antunes. “As minhas crónicas serão publicadas e fui entrevistado por várias cadeias de televisão e rádios em Portugal. Estive no programa ‘Escolhas’, onde realmente me tornei alguém”.

Atualmente está a escrever mais um livro. “Mas ainda não sei qual será o título e quando será editado”.

António Vieira da Silva trabalha agora em França, em Lyon, sempre na hotelaria, na Odalys Bioparc. Esta sua paixão – e também talento – pela escrita, continua viva e pode ser acompanhada, tanto através do blogue, como através das redes sociais.

 

 

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