LusoJornal / Mário Cantarinha

Argenteuil: José Malhoa e Johnny juntos na Sala Jean Vilar

José Malhoa e Johnny subiram ao palco da mítica Sala Jean Vilar – que continua de pé – em Argenteuil, numa organização da associação Agora. A sala voltou a encher, apesar das manifestações que marcaram o dia, com um público conhecedor das canções dos dois artistas.

O primeiro a subir ao palco foi Johnny, artista radicado, na região de Paris. O público cantou as canções do cantor e demonstrou bastante carinho. “É muito bom ver esta casa cheia. É bom tanto para o artista como para a público. Sem público não há concerto e hoje sentimos bem a vibração no palco”.

Johnny cantou neste mesmo palco há cerca de um ano e meio e destacou o trabalho da Alfama Produções, a equipa com quem trabalha. “É uma boa equipa. Estamos juntos desde o início, é com esta equipa que eu me sinto bem”. Quanto aos músicos, Johnny resume tudo: “São sobretudo amigos, trabalhamos com prazer e vamos todos na mesma direção”. Que mais pedir?

“O Johnny está no bom caminho” confirma José Malhoa que gostou do espetáculo. “Tenho de apoiar as pessoas que têm talento. O Johnny, nota-se quer ter uma carreira sólida e tem muito talento”.

Johnny vai lançar em breve um single em francês e anuncia um dueto com um grande cantor da música portuguesa. “Ainda não posso dizer quem é. Tenho de esperar que tudo esteja bem claro” confessou ao LusoJornal.

Anuncia também que no próximo ano haverá muito mais concertos. “Este ano fiz poucos concertos em Portugal. Mas no próximo verão vai ser diferente, vou ter mais concertos, vou a vários sítios de França e até noutros países”. Depois, lembra um velho ditado avó que diz que “devagar se vai ao longe”, argumentando que “vou fazendo o meu público aos poucos, serenamente”.

José Malhoa já não cantava na Jean Vilar há sensivelmente 4 anos. “As pessoas desta sala são belíssimas, e mais uma vez se conseguiu encher. Ao longo da minha carreira, o público em França nunca me tem deixado. Em qualquer sala, vem para me ver”.

Por isso agradeceu ao público por ter ido ao espetáculo. Um público que já o acompanha “há quase 50 anos de carreira”. E há quase 40 anos que vem cantar a França. “Comecei com a ‘Cara de Cigana’, quase há 40 anos, a vir aqui a França. Foi o Fernando Sismeiro de Saint Maur que me trouxe pela primeira vez e depois nunca mais de cá saí” diz numa conversa com o LusoJornal.

José Malhoa agradeceu aos organizadores do evento “e sobretudo à associação Agora, e ao meu querido amigo Enrico de Rosa, que me acompanhou sempre na minha carreira”.

O cantor lembrou, no entanto, o antigo dirigente associativo que o levou a Argenteuil pela primeira vez. “Vinha aqui muito com um amigo que já não está entre nós, o meu querido amigo Santos. Foi com ele que vim a esta sala pela primeira vez” disse ao LusoJornal. “É sempre de louvar pessoas que deixam memórias. O Santos fica no meu coração por ter sido o primeiro a trazer-me aqui. Depois foi o Rico” referindo-se a Enrico de Rosa.

Tanto tempo depois, o público continua a pedir a ‘Cara de Cigana’. “Fico grato por isso, saber que há jovens que gostam da minha música, acompanham a minha música, e cantam da minha música”.

José Malhoa gravou recentemente um tema em dueto com Elena Correia, uma artista que também está radicada na região parisiense. “Que também está a ter uma carreira brilhante. Eu gosto sempre de ajudar pessoas que tenham valor. Há muita gente a pedir para fazer duetos comigo, mas não posso aceitar tudo” confessa.

Esta foi, quem sabe, a última vez que José Malhoa cantou na Sala Jean Vilar. Há dois anos que a destruição da sala foi anunciada, mas até agora, continua a acolher festas portuguesas. “Quando for abaixo para construírem outra sala, depois já não vai ser a mesma coisa para os Portugueses, depois já não vai ser gerida pela Mairie, os Portugueses vão sentir a falta desta sala” remata José Malhoa.