Art Paris abre portas com percurso de artistas portugueses e espanhóis limitado

10A feira Art Paris, focada na arte contemporânea, abre esta quinta-feira na capital francesa com medidas de segurança reforçadas e a possibilidade de fazer testes ao vírus no Grand Palais, mas com presença reduzida dos artistas portugueses e espanhóis face à edição originalmente pensada em abril.

“Queria fazer alguma coisa para mostrar que, apesar de terem enfrentado a terrível crise de 2008, Portugal e Espanha tiveram uma transformação extraordinária. Não sei como se vai passar com a Covid, mas a cena artística é excelente. Fiquei triste que a Covid tivesse travado o nosso projeto”, afirmou o Comissário-geral da Art Paris, Guillaume Piens, em declarações à Lusa.

Para além da vinda de várias galerias portuguesas e espanholas, havia a ideia de uma instalação à entrada do Grand Palais de uma artista portuguesa e ainda um ciclo de conferências para mostrar a cena vibrante das cidades ibéricas. No entanto, a Covid-19 levou a que a edição da Art Paris, que tinha previsto este foco na Península Ibérica fosse adiada de abril para setembro, ficando reduzida a presença dos artistas a um percurso de algumas galerias e com menos participações de galerias portuguesas e espanholas.

O contexto da pandemia e o seu impacto no setor, conduziram também, nos últimos meses, à troca de algumas obras de alguns artistas portugueses, por outras obras, de outros artistas, que “tinham mais urgência em vender”, disseram à Lusa algumas galerias presentes.

Esta é a primeira feira de arte internacional na capital francesa após o início da pandemia, e a organização tomou precauções para garantir a segurança sanitária dos mais de 100 expositores vindos de 15 países (maioritariamente europeus), incluindo a possibilidade de se fazer testar numa célula especial instalada no Grand Palais. “As feiras têm tido alguns problemas e as pessoas têm medo destes ajuntamentos. E nós temos de fazer um trabalho impecável em termos de segurança sanitária, para não sermos um ‘cluster’ de contaminação”, indicou o Comissário-geral, sublinhando que, ao mesmo tempo, esta “é uma edição que está a fazer as pessoas felizes, porque há um reencontro com uma vida social à volta da arte”.

Mesmo nestas condições especiais, a galeria Foco, fundada por Benjamin Gonthier há três anos, em Lisboa, disse ‘presente’ ao desafio de expor na Art Paris pela primeira vez. “Para mim é um desafio gigante. Quando vi que haveria este foco na Península Ibérica, pensei que seria um bom ano. A nível de financiamento, investi as minhas poupanças e foi tudo antes da pandemia”, contou o arquiteto francês, reconvertido em galerista.

Benjamin Gonthier vem à sua cidade natal em busca de “um novo público” e também de novos artistas para expor na sua galeria que, já no próximo ano, abrirá um espaço novo em Lisboa, querendo criar uma ligação entre França e Portugal.

A esta edição da Art Paris, a galeria Foco trouxe os artistas Inês Zenha, Manuel Tainha, Pauline Guerrier, todos com obras de “carácter de trabalho manual” e abaixo dos 30 anos.

Uma presença forte na Art Paris com artistas lusos é a galeria Jeanne Bucher Jaeger, a galeria de sempre da pintora Maria Helena Vieira da Silva, que abrirá o seu novo espaço em Lisboa, em 2021. Esta galeria trouxe à feira os artistas Rui Moreira e Miguel Branco.

A Art Paris ficará aberta até 13 de setembro, com um horário dedicado a profissionais e outro ao público em geral, não podendo haver mais de três mil pessoas ao mesmo tempo a visitar o espaço.

 

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LusoJornal