Autarca de Sernancelhe considera que casas ardidas de emigrantes devem ser consideradas para apoios


O Presidente da Câmara Municipal de Sernancelhe defendeu que as casas dos emigrantes devem ser consideradas para apoios como se fossem casas de primeira habitação. Sete casas de primeira habitação e de emigrantes arderam neste concelho do distrito de Viseu, assim como 39 casas devolutas.

“Salvo erro, estamos a falar de sete habitações ardidas e 39 devolutas. As sete habitações ardidas incluem também as dos emigrantes, pelo menos duas de emigrantes, o resto é primeira habitação”, disse Carlos Santos.

À Lusa, o presidente do Município de Sernancelhe admitiu que ainda não viu “bem ao pormenor” se os apoios do Estado para a recuperação das casas incluem “só as primeiras habitações” do ano inteiro ou também de emigrantes, mas considerou que “a casa de um emigrante é também de primeira habitação, porque, vindo do país onde estão a trabalhar para Portugal, a única casa que têm para viver é aquela que construíram aqui em Portugal”, defendeu. Ou seja, não tendo essa, “não têm mais casa nenhuma, só se for na casa de familiares”.

“Logo, considero que devia ser equiparada a reconstrução de uma casa de um emigrante como uma casa de primeira habitação”, realçou.

O LusoJornal apurou que na freguesia de Arnas ardeu a casa do emigrante Fausto Augusto. O proprietário da casa já faleceu, mas agora a nova proprietária é Sílvia Augusto, também emigrada em França.

Ardeu ainda a casa de um emigrante em França na localidade de Sarzeda, também do concelho de Sernancelhe… e ardeu precisamente no dia em que o emigrante chegou a Portugal!

No que diz respeito às restantes habitações ardidas, Carlos Santos adiantou que, agora, o olhar sobre as casas devolutas terá de ser outro, “porque colocaram em risco as casas vizinhas”.

“Estão dentro do aglomerado urbano e como não tinham ninguém para as defender, para além de arderem, puseram em risco outras casas vizinhas habitadas. É algo que tem de ser olhado para o futuro, para resolver e para que no futuro essas casas não ponham em causa as outras”, indicou.

Neste sentido, disse que, possivelmente, só depois das eleições autárquicas, marcadas para 12 de outubro, é que o assunto será debatido, mas “terá de haver medidas reforçadas às existentes, de maneira a incentivar a recuperação” dessas casas.

O fogo que chegou a Sernancelhe teve origem em dois incêndios – um que deflagrou no dia 13 em Sátão (distrito de Viseu) e outro no dia 09 em Trancoso (distrito da Guarda), e que no dia 15 se tornou num só, afetando num total 11 municípios dos dois distritos. Sátão, Sernancelhe, Moimenta da Beira, Penedono e São João da Pesqueira (distrito de Viseu); e Aguiar da Beira, Trancoso, Fornos de Algodres, Mêda, Celorico da Beira e Vila Nova de Foz Côa (distrito da Guarda) foram os concelhos atingidos.