Balança comercial de Portugal: como se portam as trocas comerciais com a França?

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Portugal registou em 2022 o défice comercial “mais elevado” desde que há registos.

As exportações portuguesas de bens estabelecem-se em 78.326 milhões de euros em 2022, registando um aumento de (+23,1%), enquanto que as importações se situam em 109.106 milhões de euros, com uma progressão de +31,2%.

Não obstante a forte progressão das exportações, o défice da balança comercial atingiu -30.783 milhões de euros em 2022, o mais elevado desde que há registos, em virtude do aumento marginal superior registado nas importações.

Em consequência, a taxa de cobertura registou um decréscimo de 4,7 pontos percentuais em 2022 e passou para 71,8%, a mais baixa taxa de cobertura registada desde 2011.

Por zonas geográficas, a União Europeia representa 70,5% das nossas exportações totais (55.197 milhões de euros) e 69,4% das respetivas importações (75.741 milhões de euros).

Os países terceiros, mercados extracomunitários (que incluem África, Palop, América, Ásia, Austrália, Opep, etc.) representam 29,5% das exportações (23.129 milhões de euros) e contribuem em 30,6% nas nossas importações (33.368 milhões de euros).

Exportações e Importações portuguesas, por países

Espanha representa um quarto das vendas e um terço das compras nacionais

Principais países de destino das Exportações

Em matéria de exportações, a Espanha continua a ser, com larga vantagem, o nosso principal cliente, com uma quota de mercado de 26,1%, ou seja, mais de 1/4 das nossas vendas ao exterior. A França vem na segunda posição, com uma quota de mercado de 12,4%, à frente da Alemanha, com 10,9%. Estes três países reúnem praticamente metade (49,4%) das exportações portuguesas, sendo que a Espanha compra mais do que a Alemanha e a França reunidas. Os EUA (6,5%), o Reino Unido (4,9%) e a Itália (4,5%) e Holanda (4,0%) ocupam os lugares seguintes como principais clientes. Entre os países tradicionais de língua portuguesa, será de notar que as exportações para Angola registaram um aumento de 49,6% em 2022, passando a ocupar a 9ª posição no ranking com uma quota de mercado de apenas 1,8%, enquanto o Brasil, com uma quota de 1,2%, se situa na 12ª posição como cliente, após uma progressão de 30% das nossa exportações para este país.

Principais países de origem das Importações

Quanto às importações portuguesas, é de assinalar que a Espanha, com 32,1% de quota de mercado, contribui praticamente em um terço no volume das nossas importações. Seguem-se-lhe a Alemanha com 11,2% e a França com 6,1%. Estes três países contribuem, por si sós, em quase metade das nossas importações globais (49,4%). A China na quarta posição (5,1%), a Holanda (5%), a Itália (4,6% de quota de mercado) e o Brasil (4,2%), ocupam os lugares seguintes como fornecedores.

Principais saldos na balança comercial entre países

A análise das trocas comerciais entre os vários parceiros reflete indicações fortes e particularmente díspares com os países mais relevantes.

É, assim, de notar que é com a França que Portugal apresenta o maior saldo positivo entre todos os países, saldo superior a 3.090 milhões de euros, a contrastar fortemente com Espanha em que o saldo da balança comercial nos é enormemente desfavorável, superior a -14.620 milhões de euros.

Outros saldos positivos se revelam importantes para Portugal como sejam o Reino Unido (+2.676 milhões de euros) ou os EUA (+1.571 milhões de euros). Relevante também o saldo com Angola (+800 milhões de euros), quarto maior saldo bilateral.

Em contrapartida, para além da Espanha já assinalada (-14.620 milhões), são fortemente negativos os saldos com a China (-4.914 milhões de euros), com a Alemanha ou Brasil (ambos superiores a 3.650 milhões) ou com a Holanda (-2.287 milhões de euros), entre outros.

Trocas comerciais entre França e Portugal

França, segundo cliente e terceiro fornecedor, melhor saldo positivo para Portugal

Com 68 milhões de habitantes, a França é a sétima economia mundial, segundo o Fonds Monétaire International, e a terceira potência económica na Europa, após a Alemanha e o Reino Unido. Com um PIB nominal de 2.940 mil milhões de dólares, a França situa-se a seguir aos EUA, China, Japão, Alemanha e Reino Unido e é um dos principais exportadores e importadores mundiais (ocupa a 9ª posição, a nível mundial, enquanto exportador e a 7ª como importador).

Trata-se de um parceiro económico e comercial de primeira importância para Portugal.

Com 16,3 mil milhões de euros de fluxo nas trocas bilaterais de bens em 2022 (exportações mais importações), a França mantém a 2ª posição como cliente de Portugal (depois da Espanha), e a de 3° fornecedor (depois da Espanha e da Alemanha). Portugal é o 17° cliente e o 17° fornecedor da França, segundo o International Trade Centre.

Em 2022, as vendas portuguesas para França atingiram 9.704,2 milhões de euros, uma progressão de 16,3%, e as compras provenientes de França aumentaram de 19%, alcançando um valor de 6.635, milhões de euros.

A balança comercial bilateral entre os dois países, cujo saldo passou de 2.767,9 milhões de euros, em 2021, para 3.069,2 milhões de euros, em 2022, regista uma taxa de cobertura de 146,3%, ou seja, Portugal vende 46,3% mais à França do que lhe compra.

Em 2022, o saldo da balança comercial entre os dois países foi fortemente favorável a Portugal, foi mesmo o maior saldo comercial positivo de entre todos os países.

Principais exportações portuguesas para França

As principais exportações portuguesas para França são “Veículos e outro material de transporte” que, desde há anos, ocupam a primeira posição no ranking. Em 2022, representam 16,6% das nossas exportações para França, após uma progressão de 7,6% relativamente ao ano anterior, atingindo um valor de um valor de 1.609,1 milhões de euros.

Com uma progressão de 13% relativamente ao ano anterior, os “Metais comuns”, num valor de 1.258,2 milhões de euros e uma quota de mercado de 13% vêm na 2ª posição seguindo-se-lhes o capítulo de “Máquinas e aparelhos”, com um valor de 1.171 milhões de euros, ocupa terceira posição, com uma quota 12,1%. Estes três capítulos contribuem em 41,7% das vendas para França.

São igualmente de realçar as posições dassas vendas de “Plásticos e Borrachas”, que atingem 757,6 milhões de euros, com uma quota de mercado de 7,8% após um aumento de 18,2%, do “Vestuário”, com um notável aumento de 25,6% e uma quota de mercado de 6,4%, num valor de 616,4 milhões de euros.

Principais importações portuguesas provenientes de França

No que se refere às compras provenientes de França, o capítulo dos “Veículos e materiais de transporte”, com um valor de 1.540,8 milhões e uma quota de mercado de 23,2%, após uma progressão de 18,6%, mantém a primeira posição e representa quase um quarto das nossas compras a França.

Na segunda posição, com uma quota de mercado de 15,5%, mantém-se o capítulo das “Máquinas e aparelhos, mecânicos e elétricos”, num valor de 1.026,6 milhões de euros.

Seguem-se os “Produtos químicos” e os “Produtos agrícolas”, com 11,4% e 10,4% de quota de mercado, respetivamente. As compras nacionais estão fortemente concentradas nestes quatro grupos de produtos que, no seu conjunto, contribuem em 60,5% das importações provenientes de França.

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