Beatriz Albuquerque reinterpreta memórias dos emigrantes em Tourcoing

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A artista Beatriz Albuquerque mostrou neste fim de semana, durante as Jornadas Europeias do Património, o trabalho que tem vindo a desenvolver com a Comunidade portuguesa em Tourcoing, no norte de França, reinterpretando as suas memórias.

A artista portuguesa está a fazer uma residência artística de um mês em Tourcoing, junto a Lille, através da federação da rede e associações de artistas plásticos, decidindo trabalhar com os relatos de vários portugueses instalados na região, já que é uma região onde há uma grande Comunidade portuguesa.

“Em vez de desenvolver um projeto que eu já tivesse, pensei que há esta Comunidade de emigrantes em Tourcoing e eu gostava de trabalhar com esta Comunidade, por vir de Portugal. Baseado nisto, comecei a contactar amigos que conhecem pessoas em França e fui criando uma rede, também conheci em Portugal durante o verão emigrantes no Norte de França”, explicou a artista.

Assim, através dos relatos de 27 emigrantes portugueses e lusófonos, de várias gerações, a artista construiu a exposição “’Wonder Memories’, Peregrinos da Memória”, reinterpretando os percursos dos emigrantes de Portugal até França.

A artista apostou em técnicas como a cianotipia, registando em tecido as formas dos corpos de quem entrevistou, transformando as frases em bordados e traçando o perfil dos emigrantes através das suas palavras.

Partindo de um questionário-base, Beatriz Albuquerque entrevistou os emigrantes portugueses, encontrando algumas respostas similares, por exemplo, muitos atribuem a cor azul ao seu país de origem, Portugal. No entanto, estes relatos não surpreenderam a artista. “Eu acho que não surpreendeu nada do que me foi dito pelos emigrantes. Eu acredito que os Portugueses são poderosos, que gostamos de descobrir e somos conhecidos por chegar a um país e conseguirmos integrar-nos bem. É isto que as pessoas me contam, que vieram à procura de melhores condições de vida, claro que tiveram lutas e contam-me como as venceram”, explicou.

A artista expôs estas peças, com uma performance especial, no sábado e no domingo, durante as Jornadas Europeias do Património, no espaço La Confection Idéale, com a exposição a ficar patente até 16 de outubro. Beatriz Albuquerque quer agora continuar este projeto, trabalhando em Portugal com as memórias dos refugiados ucranianos.

“A minha ideia é ter um arquivo digital para não se perder as narrativas destas histórias que são muito importantes”, indicou a artista.

Beatriz Albuquerque nasceu em 1979 e desenvolve diferentes práticas artísticas do vídeo, à fotografia, com performances e instalações artísticas, tendo já recebido o prémio revelação da Bienal de Cerveira, assim como o prémio Myers Art do Teachers College, na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, e o prémio Ambient Performance Serie, em Chicago.

 

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LusoJornal