Boa Notícia: Exaltar?Padre Carlos Caetano·Boa NotíciaReligião·14 Setembro, 2025 A festa da exaltação da Santa Cruz, quando ocorre num domingo, é uma das raras celebrações que substitui a liturgia dominical. Apesar de uma difusa tradição que reconhece nesta data (14 de setembro) o aniversário da descoberta da cruz de Cristo em Jerusalém por parte de santa Helena, mãe do imperador Constantino, a origem desta festa deve-se a dois eventos distantes entre eles no tempo: a inauguração da Basílica do Santo Sepulcro no ano 325 e a vitória sobre os persas em 628, que permitiu recuperar a relíquia da cruz, perdida desde a invasão de Jerusalém no ano 614. Mas hoje, que sentido tem exaltar “a Cruz”, no fundo, um instrumento de sofrimento e de morte? Não é raro ouvirmos na igreja que «a Cruz é a Salvação», mas não nos podemos contentar com uma “frase feita” se não somos capazes de a entender. O que é que nos salva? A morte? O sofrimento? Não. Deus não quer o sofrimento. Temos de lutar contra esta visão masoquista que leva algumas pessoas a procurar dores e penitências inúteis e que é uma grave deturpação da fé cristã! A salvação não vem pela morte de Cristo, mas pelo amor implícito naquela vida que se doa completamente. Não é a Santa Cruz que nos salva, mas sim o amor, o perdão (a santidade!) testemunhados no monte Calvário. Qualquer pessoa pode dizer «Amo-te!», mas o amor – para ser real – tem que se traduzir em gestos concretos. O amor é vida que se doa! Essa doação pode não exigir o sacrifício supremo, mas pede sempre um pouco de nós, do nosso tempo. Até mesmo meia hora de visita a um doente, ou um serão a escutar um desabafo, podem ser pequenos gestos de amor, pois são vida doada, são amor partilhado e são verdadeiras sementes de salvação.