Boa Notícia: Humildes mas escolhidos

Este ano, o dia 13 de maio calha a um domingo e a maioria das comunidade católicas portuguesas de França marcou nesse dia a sua festa em honra de Nossa Senhora de Fátima.

Celebrar o aniversário das aparições de Nossa Senhora de Fátima não é apenas recordar um evento distante, circunscrito ao Portugal de 1917. As seis aparições da “Senhora mais brilhante que o Sol” aos três pastorinhos, entre os meses de maio e outubro, são sem dúvida os episódios mais conhecidos e estudados, mas Fátima é uma árvore cujos ramos alcançam vários momentos da História Mundial.

Falar de Fátima significa falar também do atentado ao Papa João Paulo II, na praça de São Pedro em Roma, no dia 13 de maio de 1981 e das quatro réplicas do milagre do Sol, testemunhadas em 1950, pelo Papa Pio XII, nos jardins do Vaticano, poucos dias antes da proclamação do dogma da Assunção.

Na história de Fátima não podemos esquecer o contexto da Grande Guerra e o “Segredo” revelado pela Virgem, que anunciava o fim deste conflito mundial e o início de outro bem pior. Aliás, de forma directa ou indirecta, as aparições marcaram presença em todos os grandes conflitos do século XX, desde a guerra fria entre os Estados Unidos e a União Soviética, até à guerra colonial portuguesa. Mas Fátima é também, para uma Igreja perseguida violentamente por sistemas ateus durante todo o século passado, a garantia maternal de que a Misericórdia divina terá a última palavra na História.

O ano passado, a visita do Papa Francisco ao santuário de Fátima e a canonização de Francisco e Jacinta Marto confirmou a linha do reconhecimento das aparições pelos vários papas, desde Pio XII, que consagrou o mundo ao Coração Imaculado de Maria, por ocasião do 25º aniversário das aparições, em 31 de outubro de 1942, até João Paulo II que, para além de uma profunda devoção pessoal a Nossa Senhora de Fátima, visitou o santuário em três ocasiões: em maio de 1982, para agradecer a sobrevivência ao atentado sofrido no ano anterior; em maio de 1991, no décimo aniversário do atentado, para agradecer as surpreendentes mudanças no Leste da Europa; em 13 de maio de 2000, para beatificar Jacinta e Francisco e dar a conhecer a terceira parte do “Segredo”.

Esta grande devoção mariana perdura no papado de Francisco: no dia seguinte à sua eleição, o Santo Padre visitou a basílica romana de Santa Maria Maior, para confiar o seu ministério à Virgem. Dois meses mais tarde, o seu pontificado foi formalmente consagrado a Nossa Senhora do Rosário de Fátima, pelo Cardeal Policarpo, patriarca de Lisboa, que no dia 13 de maio de 2013 recitou no santuário português a solene oração de consagração.

Não podemos negar uma sintonia de espiritualidade entre os pastorinhos, apóstolos da misericórdia de Deus, e o ministério pontifical do Santo Padre. Aliás, essa sintonia é ainda mais evidente quando lemos o mote do brasão do Papa Francisco e descobrimos que é uma divisa que poderíamos aplicar à vida dos pequenos pastores: miserando atque eligendo (humilde mas escolhido)…