Boa Notícia: Uma verdade inconveniente?Padre Carlos Caetano·Boa Notícia·3 Setembro, 2023 [pro_ad_display_adzone id=”41081″] O primeiro discurso de Simão Pedro como “Papa” fica para a história como um verdadeiro desastre. Depois de termos escutado na semana passada como Jesus o escolheu para ser a primeira pedra da sua Igreja, no domingo seguinte o Messias compara-o a um demónio! «Vai-te daqui, Satanás. Tu és para mim uma ocasião de escândalo, pois não tens em vista as coisas de Deus, mas dos homens». E se para nós passou uma semana inteira entre as duas leituras, não nos podemos esquecer que na Bíblia elas são separadas só por algumas linhas. Pedro quer o melhor para a “sua” Igreja. Quer que ela cresça, que se encha de gente, que se torne mais forte. Por isso mesmo, quando o seu Mestre começa a fazer discursos estranhos sobre perseguições, torturas e uma morte violenta que o espera em Jerusalém, Pedro chama-o à parte e protesta: «Mas o que é que estás a dizer? Isso nunca vai acontecer. Não digas essas coisas que assustas e confundes as pessoas». Simão Pedro não era um homem culto, mas conhecia bem o coração da sua gente. Sejamos sinceros, um coração que passados dois mil anos de história, não mudou assim tanto. Ninguém quer ouvir falar de pegar em cruzes, de renunciar ao que quer que seja ou de ter de perder a própria vida. O que as pessoas querem são soluções fáceis, mágicas! Querem que Jesus diga: «Vou libertar-vos dos romanos! Vou eliminar as vossas cruzes, os vossos problemas, as vossas doenças!». Mas Jesus não pode anunciar um deus ex machina, um “deus-mágico-cura-tudo”, simplesmente porque esse não é o rosto do seu Pai. Quase que consigo ouvir Simão Pedro que me manda calar a mim também… Mas esta é a verdade: mesmo que consigamos vencer uma doença grave, não podemos confundir essa cura (essa graça…) com a verdadeira salvação. Até porque, inevitavelmente, por muito que nos custe enfrentar esta realidade, para todos nós há-de chegar esse dia em que os nossos olhos vão fechar-se, a nossa pele ficará fria… e morreremos. «(…) mas quem perder a sua vida por minha causa, há-de encontrá-la». A salvação não está em viver muito. Noventa anos… cem anos… cento e dez anos… Não é isso que realmente importa. A salvação está em viver uma vida que valha a pena. É essa a prenda que Cristo nos quer dar. Ele quer mostrar-nos como podemos dar sentido à nossa vida. E essa prenda é tão formidável que até a morte perde a sua fealdade e, tal como Francisco de Assis, também nós conseguiremos chamá-la “sorella”, ou seja, irmã. E o que é uma vida que vale a pena? Uma vida cheia de amor. Parece simples, mas não o é, porque aqui estamos a falar do “verdadeiro” amor. Aquele que faz com que realmente renunciemos a nós próprios; com que não sejamos o centro do nosso mundo; com que estejamos dispostos a perdermo-nos por alguém. É o amor que Jesus Cristo nos mostrou. E se conseguirmos segui-Lo, se conseguirmos viver desta forma, podemos confiar que Aquele que nos amou ainda antes que nós nascêssemos, igualmente não se vai esquecer de nós quando chegarmos ao fim dos nossos dias. E há-de querer que fiquemos junto a Ele para sempre. Porque nos ama. [pro_ad_display_adzone id=”46664″]