“Bocuse d’Or 2005”: Serge Vieira chora a morte de Paul Bocuse

O cozinheiro Serge Vieira, com duas estrelas no Guide Michelin e sobretudo vencedor do concurso “Bocuse d’Or 2005” de melhor cozinheiro do mundo, chora a morte de Paul Bocuse. “Obrigado, obrigado e obrigado pela eternidade de nos ter ajudado e sermos o que somos” diz o Chef lusodescendente. “A emoção é imensa e as palavras são difíceis” escreve Serge Vieira.

Serge Vieira ganhou o “Bocuse d’Or” no dia 26 de janeiro de 2005, em Lyon, e foi assunto de capa do LusoJornal nessa altura. Depois de ter trabalhado com grandes nomes da cozinha francesa, como Dominique Robert (“La Gravière” em Chamalières), Bernard Andrieux, Laurent Picharle, Marc Meneau (“L’Espérance” em Saint Père-sous-Vézelay, Bourgogne) e com Régis Marcon (“L’Auberge et Clos des Cimes, em Saint Bonnet-le-Froid, Haute Loire), Serge e Marie Aude Vieira, abriram um restaurante em Chaudes Aigues, no Cantal, num antigo castelo medieval que renovaram.

Aliás, o casal está neste momento a realizar um novo projeto de hotel/restaurante “Ronds d’eau”. Como o castelo que reabilitaram apenas tem 3 quartos, o casal decidiu abrir um hotel não muito longe do restaurante, com cerca de 50 quartos e com um restaurante “mais abordável”. As obras estiveram bloqueadas durante mais de 2 anos com problemas judiciais com o primeiro arquiteto, e retomam antes do Natal para uma abertura ainda sem data marcada.

Ainda recentemente o Chef lusodescendente lançou o livro “Serge Vieira Emotion Culinaire” e Paul Bocuse enviou-lhe umas palavras de simpatia

Filho de Portugueses da região de Guimarães que se instalaram em Clermont-Ferrand “para fugir à ditadura de Salazar”, Serge Vieira tem orgulho nas suas origens. “Sinto-me bem em França e não sou estrangeiro, mas sinto-me antes de tudo português… português de França” disse em 2005 ao LusoJornal, quando ganhou o Bocuse d’Or. “Os meus pais vieram para Clermont Ferrand trabalhar na Michelin, como muitos outros portugueses, mas sempre mantivemos contacto com Portugal”.

Serge Vieira fala correntemente português e costumava ir todos os anos a Portugal. Foi aliás de Portugal que lhe chegou a vocação para a cozinha. “A minha avó tinha um moínho e adorei aquele ambiente, o carro de bois, a fogueira,…” lembra com emoção.

Quanto teve de escolher entre desenhador industrial e cozinheiro, optou pela cozinha.

Paul Bocuse morreu este sábado, 20 de janeiro, com 92 anos de idade. Foi uma figura emblemática da gastronomia mundial e um promotor da gastronomia francesa em particular.

 

 

LusoJornal