Carlos Tavares deixou a Stellantis e quer contribuir para guardar a TAP com bandeira portuguesa

A construtora automóvel Stellantis, que reúne marcas como Peugeot e Citroën, anunciou no final da tarde de domingo que o Conselho de Administração aceitou a renúncia de Carlos Tavares ao cargo de CEO, com efeitos imediatos. Ontem, durante um seminário na Universidade Lusíada, no Porto, o empresário Paulo Pereira, proprietário da Agribéria em Orléans, revelou que o gestor português aceitou posicionar-se como candidato à liderança da TAP.

“Falei com o Carlos Tavares e convenci-o a assumir o desafio de gerir a TAP. Deixo-vos este scoop”, afirmou Paulo Pereira, destacando ainda: “A TAP não pode ser vendida a estrangeiros”.

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Uma ideia nascida no Douro

A proposta surgiu há uns meses, durante um jantar na Quinta da Pacheca, propriedade de Paulo Pereira nas margens do Douro. Na ocasião, a difícil situação da TAP foi abordada, ao que Carlos Tavares comentou: “Que pena ver a companhia ser vendida a estrangeiros”. Paulo Pereira lançou então a ideia: Carlos Tavares seria a pessoa ideal para liderar a empresa!

Algum tempo depois deste jantar, Carlos Tavares manifestou o interesse deste desafio e pediu a Paulo Pereira que fizesse parte do projeto.

Desde então, o empresário tem mobilizado esforços, reunindo-se com sindicatos, companhias aéreas, administrações e políticos, enquanto Carlos Tavares planeava a saída da Stellantis, prevista para 2026. Porém, a renúncia antecipada do gestor acelerou o processo.

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O “Campeão da gestão”

Reconhecido como uma das figuras mais influentes da indústria automóvel, Carlos Tavares transformou empresas como PSA e Opel, liderou a fusão com a Fiat Chrysler e consolidou a Stellantis como um gigante global. Sob a sua gestão, alcançaram-se resultados extraordinários, embora nem sempre sem críticas a estratégias rigorosas. Para Paulo Pereira, Carlos Tavares é “o Campeão do mundo da gestão”, alguém íntegro, humilde e comprometido com o sucesso das organizações que lidera.

Além da experiência na Stellantis, o passado de Tavares no Conselho de Administração da Airbus também reforça a sua capacidade de gestão em setores estratégicos.

Paulo Pereira diz que “Portugal não necessita só de receitas mas sobretudo de matéria cinzenta” e acrescenta que “o investimento especulativo de certos investidores estrangeiros não trazem nenhuma mais valia para o país”.

“Ao que tudo indica, mais de dez companhias, incluindo gigantes como a Lufthansa e a Air France, demonstram interesse em adquirir a TAP, sendo que algumas já manifestaram o desejo de se sentar à mesa connosco para negociar. Portugal tem uma das melhores geografias do mundo. Eles sabem bem que a companhia é boa, mas que a gestão pública não é adaptada à companhia” confia Paulo Pereira ao LusoJornal. “Ora, se a gestão não é boa, nós temos o Campeão do mundo da gestão”.

“É necessária uma nova era na gestão pública. Em Portugal, a gestão pública funciona mal. Não há líderes, não há chefes, há apenas orientações políticas, que mudam segundo se os Governantes são de Direita ou de Esquerda”.

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A TAP deve permanecer portuguesa

Paulo Pereira defende que a TAP não pode ser entregue a capital estrangeiro, sublinhando a importância estratégica da companhia para o desenvolvimento turístico de Portugal. “O turismo é o nosso petróleo, representa 15% do PIB, e não podemos deixar esta ferramenta nas mãos de estrangeiros”, argumenta. A proposta é clara: manter o Estado como acionista e garantir que Carlos Tavares implemente um modelo de gestão eficiente.

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Um projeto com propósito

Embora Carlos Tavares pudesse aproveitar a sua carreira para descansar, Paulo Pereira garante que o gestor está motivado para contribuir para o desenvolvimento económico do país que o viu nascer. “Ele já se vê em Santarém, em cima de um trator, ou nas vinhas do Norte. Não precisa da TAP para viver, mas quer fazer a diferença”, explica.

O Gabinete de Luís Montenegro já anunciou que o Primeiro-Ministro vai receber os empresários nas próximas semanas. A dupla aguarda agora pela oportunidade de apresentar a proposta ao Chefe do Governo, defendendo que, com Carlos Tavares no leme, “a TAP pode não só vai recuperar a rentabilidade, como também vai poder reembolsar os investimentos realizados pelo Estado e restituir o dinheiro ao contribuinte português”. Para Paulo Pereira, “colocar a TAP no topo, é um objetivo patriótico, partilhado por todos os Portugueses”.

LusoJornal