Charlie Hebdo: Carta ao Raul SolnadoAntónio Marrucho·Opinião·7 Janeiro, 2025 Dia terrível, noite difícil, o começo de outras guerras. Eis o que escrevemos há precisamente 10 anos numa edição do LusoJornal, com capa com desenhos inéditos do artista Benjamim Marques. . Raul, Raul Solnado, tu que nos deixastes no 8 de agosto de 2009, bem sabes que continuas nos nossos corações!!! Os 12 jornalistas que inesperadamente e bem cedo se juntaram a ti lá no alto, eram teus companheiros de profissão. Bela profissão… humorísticos. O teu sketch “Tá lá? É o inimigo?” fez e continua a fazer-nos rir, mesmo se nos dias que passam cá em baixo a tristeza nos domina. Como no teu sketch podias telefonar, se fizeres favor, podes pedir se cá na terra podem acabar com as guerras? Tu pedias ao inimigo que parasse, porque tinhas um colega com dor de cabeça. Raul somos muitos e de todos os horizontes a termos dor de cabeça, os canhões não estão encravados e não há dias para a guerra, seja ele domingo, segunda-feira…, o arame não é farpado e dá não só cabo das calças… dá infelizmente cabo de tudo. Também não vale a pena perguntarmos em que dia atacam, cá em baixo já nem semana inglesa existe, nem se sabe a que horas o inimigo ataca. Raul o cúmulo dos cúmulos, é que há cá balas para todos, os que por cá fazem as guerras já não utilizam os supositórios como na guerra de que nos falavas no teu sketch “Tá lá? É o inimigo?”. Tu que participavas no programa “Lá em casa tudo bem”, talvez não saibas, mas as coisas na casa “Terra” não vão lá muito bem e “O resto são cantigas” é expressão que também temos dificuldade em pronunciar nos dias que passam por cá. Perdoa-nos, mas a palavra na tua canção “Malmequer”, aliás que mal eles nos querem é mais adaptada. Por favor diz-lhes, aos companheiros que acabam de se juntar a ti, que teremos um pensamento para eles todos os dias ao meio dia, às doze horas, como doze foram os que passaram a fazer parte da tua equipa. A eles, que até na morte foram unidos, partindo ao mesmo tempo, Raul, diz-lhes que cá por baixo tudo faremos para nos unirmos. Tu sabes bem que é nas adversidades que os homens por vezes se unem e levam por vencidas as grandes Batalhas.