Lusa / António Cotrim

Comunidade portuguesa em França “triste” por acolher Seleção nacional sem festa

As regras sanitárias impostas de forma rigorosa em França para associações, cafés e restaurantes vão impedir a festa no França-Portugal, da Liga das Nações de futebol, uma situação que entristece a Comunidade e faz questionar como serão as celebrações futuras.

“É muito triste termos o prazer de receber Portugal em França nestas condições”, afirmou António Costa, Presidente da associação Union Luso Française Européenne (ULFE), sediada em Dijon, em declarações à Lusa.

Inicialmente, a ULFE, uma das maiores associações portuguesas em França, tinha previsto um jantar com um número limitado de lugares para este domingo, mas com a progressão da pandemia um pouco por todo o país, a realização do convívio foi posta em causa. “Eu tenho previsto um jantar com a transmissão do jogo de futebol, mas como saíram novas regras em Dijon, não sei o que vou fazer”, indicou o dirigente associativo, lembrando os tempos do França-Portugal da final do Euro2016, onde na mesma sala teve 150 pessoas e “uma festa completa”.

O Bistrot de Longchamp, junto ao Trocadero, foi um dos epicentros da festa lusa em 2016 em Paris, mas este domingo nem vai abrir. Não só por causa da Covid-19, mas por se tratar de um jogo de qualificação para a Liga das Nações. “Não vai compensar abrir. É um jogo de qualificação, é importante, mas não é o último jogo. Se fosse mais importante, abria”, disse Bruno Amaral, proprietário do restaurante.

No entanto, resta saber em que condições poderia abrir. Devido à sua localização, o restaurante atrai mais do que os seus 42 lugares sentados e chegam a estar centenas de pessoas a acompanhar o jogo.

“Se fosse o Euro ou o Mundial ou um jogo importante, era impossível de o passar aqui. Ou as pessoas tinham de estar todas sentadas, mas não era o mesmo ambiente. As pessoas de pé, copo na mão e abraçarem-se quando há um golo é uma coisa diferente”, referiu Bruno Amaral.

As novas regras impostas na região de Paris depois de esta ter sido qualificada como zona de alerta máximo obrigam a que o restaurante apenas tenha 32 lugares sentados, que os clientes façam reserva e deixem os seus dados para deteção de possíveis casos contacto, impedindo ainda a venda de bebidas alcoólicas após as 22h00.

Regras que não vêm ajudar o restaurante que serve exclusivamente comida e produtos portugueses. “Não voltou ao normal, há uma perda de 20% a 30%, mas já há trabalho para toda a gente. Compensar, nunca vai compensar. É um comércio que esteve com porta fechada durante dois meses. Mas temos de ir para a frente e, sobretudo, não voltar a fechar”, sublinhou Bruno Amaral.

Também a ULFE, que lançou durante o confinamento uma angariação de fundos para ajudar a pagar as suas despesas correntes, está a voltar à sua atividade de forma “tímida”. “Estamos a trabalhar de forma tímida, as pessoas têm receio de vir à associação. O que está a funcionar bem são os almoços para casa. Mas estamos com dificuldades porque não tivemos ajudas nem do Governo português nem do Governo francês”, referiu António Costa.

Graças à generosidade dos associados e à disseminação da angariação de fundos nas redes sociais, a ULFE conseguiu angariar os mais de oito mil euros necessários para manter as portas abertas e continuar, entre outras atividades, a acolher Permanências consulares e dar apoio social à Comunidade portuguesa em Dijon.

 

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