Hugo Silva

Concerto de Júlio Resende leva Fado-Jazz ao Sunset Paris


O pianista e compositor Júlio Resende vai apresentar na próxima terça-feira, dia 19 de março, no Sunset-Sunside, em Paris, um concerto intitulado “Filhos da Revolução”, o nome do seu último álbum, que é considerado “uma viagem única pela alma musical portuguesa”, celebrando os 50 anos da Revolução do 25 de Abril e da relação com a África.

Filósofo de formação, Júlio Resende é o precursor de um género musical chamado “Fado-Jazz” e “brinca” com o piano, saltando facilmente do jazz ao fado, à música clássica e até à música eletrónica.

Natural de Faro, diz a biografia que começou a tocar piano aos 4 anos de idade. Depois frequentou o Conservatório de Faro, foi procurar “liberdade” no Jazz, e em 2013 aventura-se então no Fado-Jazz com um álbum intitulado “Amália por Júlio Resende”, de homenagem a Amália Rodrigues.

Até agora, Júlio Resende é o único artista a poder utilizar a voz de Amália Rodrigues nos seus concertos. Por isso, o público que assistir ao concerto de terça-feira, no Sunset Paris, vai certamente ouvir a “Diva” do Fado, no tema “Medo”, num duo virtual e póstumo autorizado pela Valentim de Carvalho.

“O jazz não é um estilo, é uma forma de pensar. Encontrei na improvisação e no jazz uma linguagem musical que pensa assim, com toda a liberdade, e exige muito dos músicos” diz o pianista.

No início dos anos 2000, Júlio Resende veio estudar jazz na Universidade de Saint Denis – Paris 8, e desde então tem tocado com grandes nomes da canção portuguesa e até internacional, de Salvador Sobral a Caetano Veloso, de Maria João Pires, Cristina Branco, Cuca Roseta, Ana Moura, Gisela João, António Zambujo a Aldina Duarte, entre outros.

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Álbum “Filhos da Revolução”

No álbum “Filhos da Revolução” lançado há poucos meses, Júlio Resende inspirou-se da história da sua própria família. “O meu pai e grande parte da minha família são de Angola, pelo que foi muito marcada pela Revolução. A primeira música do meu primeiro disco chama-se justamente ‘Filhos da Revolução’ – pelo que podemos dizer que a ideia sentimental deste meu novo disco sempre esteve muito presente na minha construção musical e pessoal, desde o dia um da minha história discográfica” diz, citado pela editora.

“A inspiração para este novo disco não foi só a história da minha família, como também este acontecimento único no mundo: uma revolução que não se fez usar da violência extrema para atingir a paz. Uma revolução que tentou ao máximo disparar flores em vez de balas. É um gesto magnânimo, e é importante continuar a pensar nisso nos dias de hoje. A memória protege-nos de cometer os mesmos erros. Manter a memória é o segredo para não nos esquecermos de quem somos”.

“Filhos da Revolução” é uma ode à paz, ao livre pensamento, à aniquilação da Censura, uma celebração da liberdade nunca garantida e aos 50 anos da nossa Revolução dos Cravos e fim das guerras coloniais. “Para que finalmente tenhamos começado a construir o que de melhor temos: a solidariedade”.

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Terça-feira, dia 19 de março, 19h30

Sunset-Sunside

60 rue des lombards

75001 Paris

LusoJornal