Lusa | Rodrigo Antunes

Conselho da Diáspora: Marcelo diz que Portugal atravessa “período bastante emocional” mas mantém “alguma moderação”

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O Presidente da República considerou ontem que Portugal atravessa um “período bastante emocional”, mas mantém apesar de tudo “alguma moderação no meio da imoderação” que na sua opinião predomina em termos globais.

Marcelo Rebelo de Sousa falava no Palácio da Cidadela de Cascais, durante o encontro anual do Conselho da Diáspora Portuguesa, associação constituída em 2012, com o alto patrocínio do anterior Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, destinada a institucionalizar uma rede de contactos entre portugueses e lusodescendentes residentes no estrangeiro com posições de destaque.

No início da sua intervenção, o Chefe de Estado dirigiu “uma palavra especial” ao antigo Primeiro-Ministro José Manuel Durão Barroso, que preside à Mesa da Assembleia Geral do Conselho da Diáspora, e que está de saída do cargo de Presidente não executivo do Banco Goldman Sachs International.

Recorrendo a uma “passagem evangélica”, Marcelo Rebelo de Sousa disse que Durão Barroso está “agora com maior disponibilidade ainda, se possível, para o Conselho e para Portugal”, em tempos em que “são muitos os chamados e por natureza apenas um escolhido”.

No seu discurso, o Presidente da República sustentou que este é “o tempo dos imoderados” e que também Portugal “não está imune ao emocional” nem “às vezes ao irracional, às pulsões mais diversas”, e atravessa mesmo um “período bastante emocional”.

“Tem, no entanto, a seu crédito quase 900 anos de História. Muito vivido, muito aprendido, muita sensatez subjacente à espuma político-mediática de cada segundo. Muito culto da vivência pacífica, da segurança, do risco calculado, da moderação, mesmo em clima universal adverso. Vivemos o tempo dos imoderados, e no entanto Portugal consegue alguma moderação no meio da imoderação”, acrescentou.

Segundo o Chefe de Estado, “votando nos últimos 17 anos o dobro das vezes em eleições legislativas no seguro mais do que no risco do diferente”, o povo português mostra-se “só disponível para escolher o diferente se seguro ou se esgotado o que foi mantido até ao limite”.

“Mas entretanto subliminarmente desperto para o que é preciso mudar para não perder oportunidades e maximizar ensejos, sobretudo nos mais jovens protagonistas, jovens e conhecedores do preço dos tempos perdidos”, prosseguiu.

Marcelo Rebelo de Sousa salientou que Portugal é uma “sociedade envelhecida, ainda com uma ampla mancha de pobreza ou risco dela e assimetrias sociais e territoriais”, que apontou como obstáculos aos “ímpetos desejáveis de mudança com o sentir defensivo de amplos setores populacionais”.

O país, “vivendo esta contradição entre aquilo que é duradouro na procura da segurança e aquilo que vai mudando subliminarmente, está a mudar e a querer desta forma compensar o lastro do que puxa para o conformismo”, afirmou. “E a empurrar as instituições públicas, que forçosamente vão interiorizando e nalguns casos até acabando por pilotar uma mudança. Esperando nós que essa mudança acelere no futuro e que não seja, 50 anos após o 25 de Abril, o regresso ao passado, ao já visto, à repetição do ensaiado com uns retoques suaves no que está sonhado ou concretizado”, concluiu.

O Presidente da República construiu o seu discurso em torno da ideia de que “o mundo mudou” e defendeu que os últimos anos permitiram confirmar “que as autocracias ou autoritarismos falham, mesmo os mais poderosos – falharam na pandemia, falharam na recuperação económica e falham na guerra -, falham mais do que as democracias, mesmo as mais fragilizadas”.

No seu entender, a Rússia apresenta-se “com fragilidades económicas e militares suspeitadas ou sabidas mas agora expostas”, a China “francamente mal sucedida na pandemia e na recuperação económica” e os Estados Unidos da América “como a única grande potência global, a regressar a todos os continentes”, resta ver “por quanto tempo e como”.

Perante mudanças e clivagens, Marcelo Rebelo de Sousa desaconselhou que se opte por “alimentar a radicalidade da situação que já existe com os pessimismos radicais” e apelou a que se tente “racionalizar o que está quase totalmente emocional e amiúde irracional”, em vez de “juntar ao emocional existente mais emocional”.

 

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