Covid-19: António Rabeca: “Parece que estão a encarar esta situação como umas férias”

António Rabeca é o responsável pelo Escritório de representação do Banco Santander Totta em Lyon. Está a trabalhar em casa e o pós-Covid-19 vai gerar “inúmeros conflitos sociais”, mesmo se acredita que “é uma visão muito pessimista”.

 

Como está a passar este período?

Neste período de confinamento estou em França. Estou em casa com as minhas filhas (10 e 12 anos), tentando que elas cumpram um horário de trabalho escolar em função do que os professores vão enviando por mail. Estou em regime de teletrabalho, com um portátil ligado ao sistema da empresa (banco) e chamadas telefónicas direcionadas para o telemóvel. O nosso Escritório de representação está encerrado ao público cumprindo serviços mínimos de apoio a quem nos contacta.

 

Está preocupado com a situação atual de pandemia?

Estamos em casa muito preocupados com esta situação de pandemia. Pensamos que em França e em Portugal ainda está na fase crescente de casos, demorará várias semanas a atingir o pico e até lá teremos que ter muito cuidado. Muito cuidado é coisa que se vê pouco aqui por Lyon. As pessoas resolvem sair de casa por tudo e por nada (para andar de bicicleta, de trotinete, fazer jogging, comprar tabaco, etc.…) num perfeito estado de inconsciência! Parece que estão a encarar esta situação como umas férias. Penso ainda que a polícia aqui em Lyon deveria ser mais interventiva. Nestes 3 dias desta semana (4ª a 6ª feira) após o decretar de estado de emergência, nas saídas que fiz em função das necessidades, nunca foi abordada para lhe pedirem justificação.

 

Quando esta situação estiver ultrapassada, o que espera do ‘novo mundo’?

Quando a situação estabilizar – coisa que eu acho que vai levar vários meses a atingir (se calhar 6 meses não vão chegar) – o caminho de globalização que o mundo estava a percorrer vai ser totalmente alterado. Estou em crer que esta pandemia vai gerar o caos económico, com a destruição de valores e empregos e poderemos ter que encarar situações de desemprego massivo e índices de inflação ao nível da crise dos anos 20 do século passado. Uma situação desta dimensão vai gerar inúmeros conflitos sociais o que poderá convergir posteriormente em levantar novas fronteiras, novas barreiras e eventualmente confrontos bélicos. Sei que é uma visão muito pessimista, mas… Se nos prepararmos para um cenário mau, estaremos prontos para enfrentar o que apareça.

 

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LusoJornal