Covid-19: Manuel Alexandre: “Um ‘ser’ que nem se consegue ver a olho ‘nu’, ‘ajoelha’ a população mundial”

Manuel Alexandre é jornalista e dirige a informação desportiva na rádio Alfa, em Paris. Com a pandemia da Covid-19 a programação da rádio foi alterada e os eventos desportivos foram todos anulados ou adiados.

Por isso, Manuel Alexandre tem tempo para refletir sobre esta situação que o preocupa e sobre o que poderia ser um futuro melhor, quando a pandemia tiver passado.

 

Como está a passar este período?

Estou em França e continuo a trabalhar na Rádio Alfa, ainda que com outros horários: 15h00-21h00.

 

Está preocupado com a situação atual de pandemia?

Muito. Estou preocupado com a forma ligeira com que algumas pessoas ainda olham para esta situação. Estou preocupado porque não consigo ver a luz ao fundo do túnel. Parece quase uma punição! Tenho a sensação que ninguém vai escapar a esta pandemia, agora ou no próximo inverno. A bem ou a mal, vamos ter de conviver com ela e combatê-la durante muito tempo, oxalá esteja enganado e que a comunidade científica consiga dar uma resposta positiva com algum tipo de ‘antídoto’.

 

Quando esta situação estiver ultrapassada, o que espera do ‘novo mundo’?

Na realidade espero muita coisa. Primeiro constatar que somos tão frágeis. Um ‘ser’ que nem se consegue ver a olho ‘nu’, ‘ajoelha’ a população mundial. Depois, espero que os humanos se redescubram, espero que se tornem pessoas melhores, espero que aprendam alguma coisa. Espero que respeitem o nosso maravilhoso planeta. Espero sinceramente que levem em linha de conta todos os efeitos do aquecimento global. Como alguém já disse, não há planeta B. Podia fazer aqui uma dissertação sobre o tema, mas fico-me pelas regras base da humanidade e das relações entre os seres humanos. Infelizmente, acho que a humanidade vai regressar aos seus indissociáveis vícios, uma vez passada esta crise. Fico-me com uma frase célebre budista: “Os desejos humanos são infindáveis. São como a sede de um homem que bebe água salgada, não se satisfaz e a sua sede apenas aumenta”.

 

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LusoJornal