Covid-19: Sérgio Gave Fraga: “uma nova oportunidade que é dada à humanidade”

Sérgio Gave Fraga é advogado e trabalha entre Portugal e a França. Tem escritórios nos dois países, em Braga, Lisboa e Paris.

Nas últimas eleições Legislativas tentou uma nova aventura: candidatou-se pelo círculo eleitoral da Europa ao Parlamento português.

Entrevistado pelo LusoJornal, considera-se otimista e diz que havemos de sair vitoriosos desta guerra contra o novo Coronavírus.

 

Como está a passar este período?

Logo que a DGS recomendou ficar em casa, voluntariamente passei a trabalhar a partir da minha casa em Portugal. Todos os Julgamentos foram adiados por tempo indeterminado. Os Tribunais estão encerrados, estando só abertos para casos urgentes. E depois chegam as férias judiciais da Páscoa. E obviamente, não recebo clientes presencialmente. Ora, perante este isolamento social imposto e recomendado, e uma vez que não vou receber clientes presencialmente nos meus escritórios de Braga ou Lisboa, decidi trabalhar a partir de casa. Atendo os meus clientes via telefone e/ou através dos vários meios digitais que estão à nossa disposição. Aliás, como advogado internacional, e tendo 90% dos meus clientes a residir no estrangeiro, nomeadamente em França, já era usual eu usar as consultas online ou via telefone. Pelo que para mim, não altera muito a minha rotina diária. Raramente recebo clientes aqui nos escritórios de Portugal. Em França, sim. Aliás, tenho dado muito apoio via redes sociais a emigrantes de França. Por isso, para mim, não altera muito as minhas rotinas diárias. Que vai afetar a minha profissão, vai. E muito. Que vai afetar a vida de muitos de nós, vai, sem dúvida. Mas deveremos retirar daqui os ensinamentos que se nos apresentam. Vejamos o lado positivo das coisas e aprendamos com esta Grande lição que nos é dada. Vejamos nisto uma oportunidade única para mudarmos comportamentos e a nossa forma de vivermos em sociedade.

 

Está preocupado com a situação atual de pandemia?

Não, não estou preocupado. Sabe porquê? Porque vejo sempre o lado positivo das coisas. Se cada um de nós se consciencializar verdadeiramente da realidade que estamos agora a viver, estou convicto e seguro de que iremos sair vitoriosos e mais fortes do que nunca desta “Guerra”. Se todos seguirmos as recomendações das entidades competentes, o mal será vencido. Devemos mudar os nossos hábitos e comportamentos. Não é fácil, mas com uma consciencialização individual e empenho individual e coletivo as coisas irão correr bem. Está na hora de todos nós pararmos para pensar, repensarmos melhor nas atitudes e posturas que tínhamos na nossa vida: a nível social, económico e ambiental. A humanidade é egoísta e individualista. Ora, neste momento inesperado, só sairemos vencedores e derrotaremos este vírus se nos unirmos e lutarmos Todos em prol de uma única causa: a sobrevivência da humanidade e a convivência em sociedade.

 

Quando esta situação estiver ultrapassada, o que espera do ‘novo mundo’?

Sim, tem razão, teremos um “novo mundo”, sem dúvida. Após vencermos esta pandemia, o mundo nunca será o mesmo. Nem poderá. E cada um de nós terá uma outra visão e postura para com a vida. Acredite. Vamos aprender a ser mais solidários e unidos, e aprenderemos a valorizar mais os pequenos detalhes, as pequenas coisas e aqueles que amamos, que até então nos eram insignificantes, e dávamos como adquirido, e isso só irá beneficiar a nossa estadia (curta) neste planeta. Nada acontece por acaso. Por vezes têm de acontecer estes fenómenos para que tomemos consciência da vida que levávamos. A todos os níveis. O mundo jamais será o mesmo após ultrapassarmos esta pandemia (e vamos ultrapassá-la e vencê-la). Iremos sair vencedores desta guerra e mais fortes ainda. Iremos aprender a viver em sociedade, seremos mais solidários e unidos. Daremos mais importâncias à família, à vida em sociedade, à força coletiva e à entreajuda entres nós. Passaremos a dar mais importância àqueles que amamos e às pequenas coisas que são importantes e que desvalorizávamos. O ser humano é, por norma, inteligente. Ora, sendo eu um ser humano que adora aprender, acredite que estou a aprender com esta nova oportunidade que surgiu. Aproveito sempre todas as situações (menos boas) para retirar o melhor que estas me oferecem. Temos de ver neste fenómeno novo, uma oportunidade que é dada à humanidade. Está na hora de todos, sem exceção, fazermos uma reflexão profunda, a todos os níveis. É tempo para amarmos mais ainda os outros, sermos mais solidários e menos egoístas, de maneira a fazermos deste mundo um mundo melhor. Devemos valorizar mais as pequenas coisas, a sorte que temos, o quão felizes éramos, em vez de passarmos a vida a queixarmo-nos por tudo e por nada.

 

De que forma as coisas podem mudar?

É tempo para uma forte reflexão por parte de muitas entidades, nomeadamente: Clubes de futebol, que pagam ordenados milionários a jogadores de futebol e a treinadores, que se limitam a dar chutos na bola, a entreter multidões. Canais de televisão, que pagam ordenados exorbitantes aos seus apresentadores e a comentadores inúteis. Gestores e administradores públicos, políticos, que auferem salários elevadíssimos e injustificados. Deverão, sim, rever agora os salários dos profissionais de saúde e de todos aqueles que, nesta fase grave em que vivemos, nos protegem, nos fornecem os bens essenciais e ajudam a minimizar este drama. Em suma, há males quem vêm por bem. Devemos é retirar dos acontecimentos menos bons, o melhor que eles nos trazem. Os Portugueses irão, mais uma vez, provar que nos momentos difíceis sabemos estar à altura e o sentido de união vai vincar e sobressair e vencer esta batalha. Somos todos Heróis do Mar, um povo nobre, uma nação valente e imortal. E de novo iremos levantar, todos unidos, o esplendor de Portugal e pela pátria iremos lutar. Essa é a diferença que faz a diferença. Sim, tu és capaz Portugal.

 

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LusoJornal