LusoJornal | Carlos PereiraDificuldades económicas: o foco da Université Clermont AuvergneFrancisco Martins Campos·Ensino·12 Julho, 2024 Depois do anúncio público das dificuldades financeiras da Université Clermont Auvergne (UCA), LusoJornal entrevistou Daniel Rodrigues, Diretor Adjunto da UFR Langues Cultures et Civilisations e Diretor do departamento de português da UCA, sobre a potencial ameaça do ensino de português, neste clima inflacionário. No seu escritório no rés-do-chão da Faculdade de línguas da UCA, Daniel Rodrigues é claro: “o nosso Presidente Mathias Bernard, é partidário da pluridisciplinaridade, pelo que o ensino de português nos nossos cursos não está em perigo. Criámos um lugar de docente (Maître de conférences), um novo Leitor da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) irá se adicionar ao atual Leitor do Instituto Guimarães Rosa. Portanto, a universidade acredita em nós”. “O único obstáculo é sobretudo de propor um projeto educativo para os próximos 5 anos, ao Governo francês, através do Haut Conseil de l’Évaluation de la Recherche et de l’Enseignement Supérieur (HCERS), porque a acreditação que nos foi concedida expira em 2027, tendo obviamente em conta o problema económico atual e a necessidade de diversificação da UCA. O ensino está, portanto, a tornar-se menos tubular, e os estudos portugueses não estão fechados a uma abertura para o direito, por exemplo. Neste sentido, criámos um curso conjunto com o Brasil, mais especificamente com a Universidade Federal Fluminsene e no âmbito da nossa estratégia de promoção, abrimos uma página LinkedIn e Facebook. Continuaremos também a fazer seminários através da Cátedra Sá Miranda, estamos trabalhando para termos mais teses de doutoramento e assim podermos orientar a investigação no futuro”. Interrogado sobre as origens das dificuldades pecuniárias da Universidade, o “Vice-doyen” respondeu que são devidas à inflação do preço das instalações da UCA, que explodiu. Os salários dos funcionários públicos também não foram repassados pelos subsídios estatais para os manter. “A política pública está, portanto, a pôr em perigo a Universidade, mas temos de nos preparar para o futuro, tendo em conta as grandes dificuldades geradas pela questão da instabilidade política. Paradoxalmente, a redução da oferta educativa é a solução instantânea para as reações das autoridades políticas” conclui Daniel Rodrigues.