Home Opinião Discurso de Natal do Primeiro Ministro António CostaLusojornal·26 Dezembro, 2018Opinião Boa noite, Começo por desejar a todos um Feliz Natal e um Bom Ano Novo. Não apenas aos que vivem no nosso país, mas também às Comunidades portuguesas residentes no estrangeiro. Também quero, neste dia de Natal, enviar uma palavra de reconhecimento aos militares das Forças Armadas e aos elementos das Forças de Segurança que estão longe das suas famílias. E ainda uma atenção especial para aqueles que, esta noite, estão a trabalhar em empresas ou serviços públicos de laboração contínua, como os hospitais. Esta é uma época de recolhimento em família e de reencontros com amigos. Aos que por circunstâncias várias da vida estão sós, quero transmitir uma palavra solidária de conforto e esperança. Mas este é também um período de balanço e reflexão sobre o nosso futuro. Portugal vive um momento particularmente importante, que é essencial poder ser vivido e partilhado com justiça por todos os Portugueses. Pela primeira vez desde o início do século, a nossa economia cresceu mais do que a média europeia, reduzindo fortemente o desemprego, permitindo-nos ter, finalmente, contas certas e melhorar a vida da maioria das famílias. Virada a página dos anos mais difíceis, há agora duas questões essenciais que se colocam. Por um lado, como conseguimos dar continuidade a este percurso, sem riscos de retrocesso. Por outro lado, como garantimos que cada vez mais pessoas beneficiam na sua vida desta melhoria. Eu não me iludo e não nos podemos iludir com os números. Temos mais 341 mil empregos criados, mas há ainda muitas pessoas a procurar emprego; os rendimentos têm melhorado, mas persistem níveis elevados de pobreza; já conseguimos assegurar médico de família a 93% dos cidadãos, mas há ainda 680 mil Portugueses que aguardam pelo seu médico de família. Ou seja, estamos melhor, mas ainda temos muito para continuar a melhorar. A primeira condição é dar continuidade às boas políticas que nos têm permitido alcançar bons resultados. Temos de continuar a melhorar os rendimentos e a dignidade no trabalho, aumentar o investimento na educação, na formação ao longo da vida, na criação cultural e científica, na inovação. Temos de continuar a criar condições para termos empresas mais sólidas que investem na sua modernização tecnológica, exportam cada vez mais e para mais mercados, criando mais postos de trabalho, mais estáveis e melhor remunerados. Temos de continuar a investir na qualidade dos serviços públicos, como o SNS ou os transportes, na modernização das infraestruturas, na melhoria da vida dos pensionistas e das condições de trabalho na administração pública, aumentar a justiça fiscal e as prestações sociais, sem deixarmos de eliminar o défice e de continuar a reduzir a dívida, condições da credibilidade internacional que reconquistámos, e que é fundamental para reduzir os juros que Estado, empresas e famílias pagam. Há, pois, que prosseguir com ambição e determinação esta política de responsabilidade e equilíbrio para continuar a melhorar a vida de todos em Portugal. Mas temos de querer fazer mais e melhor. Há dois grandes desafios que temos de vencer. Um, é o pleno aproveitamento do nosso território, valorizando os recursos desaproveitados, no imenso mar que os Açores e a Madeira prolongam até meio do Atlântico ou no interior do Continente, onde temos de aproveitar o seu potencial e a proximidade a um grande mercado ibérico de 60 milhões de consumidores, para repovoar este território e ganharmos coesão territorial. O segundo grande desafio é o demográfico, que não podemos resolver só com a imigração. É absolutamente essencial que os jovens sintam que têm em Portugal a oportunidade de se realizarem plenamente do ponto de vista pessoal e profissional, e assegurar uma nova dinâmica à natalidade. A nova geração de políticas de habitação, as novas políticas de família com aumento do abono para as crianças, o alargamento da rede de creches, a universalização do pré-escolar ou a diminuição do custo dos transportes públicos procuram criar melhores condições para a autonomização dos jovens. Mas acima de tudo, é essencial uma clara melhoria das suas perspetivas de realização profissional. Menos precariedade, salário justo, expectativa de carreira, possibilidade de conciliação com a vida pessoal e familiar. O país não se pode dar ao luxo de perder a sua geração mais qualificada de sempre. Por isso não desistimos de criar as melhores condições de incentivar o regresso de quem no passado partiu. Mas as empresas também têm de compreender que na economia global se querem ser competitivas a exportar, têm de ser competitivas a recrutar e a valorizar a carreira dos seus quadros. Os desafios são grandes, aliciantes e mobilizadores. Portugal está melhor porque os Portugueses vivem melhor. Mas temos muito trabalho pela frente. Não desvalorizo o muito que em conjunto já conseguimos, nem ignoro o que temos e podemos continuar a fazer para termos um país mais justo com mais crescimento, melhor emprego e maior igualdade. Boas Festas.