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Duas Mordomas franco-portuguesas desfilaram nas Festas da Agonia em Viana do Castelo

Seiscentas e trinta e seis mordomas, de cinco países, participaram este ano no desfile da mordomia, esta sexta-feira. Duas delas são franco-portuguesas e exibiram trajes de festa de Viana do Castelo, num dos números emblemáticos das festas da Agonia.
Este ano, pela primeira vez, a inscrição foi feita através de uma plataforma digital criada pela Comissão de Festas da Senhora da Agonia para permitir a participação de mulheres de todo o mundo naquele desfile.
Felicie de Oliveira tem raízes em Vila Verde. É Conselheira municipal em Elancourt (78), nos arredores de Paris, é Presidente da associação l’Élan de la Jeunesse e é membro ativa da associação Cívica de luso-eleitos. Desfilou com o traje de Geraz do Lima.
Isilda Amorim, nasceu em Viana do Castelo e tem casa em Vilar de Murteda. É Conselheira municipal em Champigny-sur-Marne (94), nos arredores Paris, a região onde chegaram há cerca de 50 anos os Portugueses que foram a salto. Trajou com o traje vermelho de Vilar de Murteda.
De acordo com os dados hoje avançados pela VianaFestas, entidade que organiza as festas da cidade, houve participantes oriundas de várias regiões do país, de França, Luxemburgo, Reino Unido e Brasil, sendo que a “plataforma ‘on-line’ permitiu perceber que a idade que garantiu o maior número de inscrições foi a dos 16 anos”.
Segundo a VianaFestas, “o traje, vermelho, à Vianesa foi o mais popular entre as mulheres, contando com 120 inscrições, seguido do traje de Mordoma Preto com Colete, com 110. Apenas 41 mulheres vestiram o Traje à Vianesa de Geraz do Lima Felicie de Oliveira.
O desfile da mordomia é o momento em que os diferentes trajes das freguesias de Viana se encontram e mostram, de uma só vez à cidade. Trata-se de uma tradição cada vez mais enraizada entre as jovens e mulheres de Viana do Castelo e que junta várias gerações, num quadro único das festas.
Desde 2014, também as mulheres da ribeira de Viana do Castelo, com os seus trajes de varina, participam neste desfile colorido pelos vermelhos, verdes e amarelos dos típicos e garridos trajes das diferentes freguesias.
Não faltam também os fatos de noiva mais sóbrios, de cor preta. Neste número algumas das mulheres chegam a carregar, dezenas de quilos de ouro, reunindo as peças de famílias e amigos num único peito, simbolizando a “chieira” (termo minhoto que significa orgulho) e outrora o poder financeiro das famílias.
A certificação do traje à Vianesa, com origem no século XIX, foi publicada em Diário da República no final de 2016.
O traje assume-se como um símbolo tradicional da região, nas suas várias formas, consoante a ocasião e o estatuto da mulher. Em linho e com várias cores características, onde sobressai o vermelho e o preto, foi utilizado até há cerca de 120 anos pelas raparigas das aldeias em redor da cidade de Viana do Castelo.
As características deste traje, como o seu colorido e a profusão de elementos decorativos, permitem identificar facilmente a região de origem, no concelho, motivo pelo qual se transformou, segundo os especialistas, “num símbolo da identidade local”.

 

 

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