Emigrante gerou onda de solidariedade no Facebook para ajudar vítimas dos incêndios

Elsa Lopes, uma portuguesa que vive em França há 11 anos, gerou uma onda de solidariedade para ajudar as vítimas dos incêndios em Portugal através de um apelo no Facebook.

Várias pessoas mobilizaram-se para organizar uma recolha de bens de primeira necessidade e vai ser feito um espetáculo de solidariedade com artistas da Comunidade portuguesa em França.

«Tocou-me imenso o que aconteceu, pelas imagens que vi e pela frustração de estar do lado de cá e nem compreender muito bem o que se passou. Também tenho uma responsabilidade e pensei ‘por que não pedir apoio?’ Foi o que fiz e ganhou uma proporção que nem estávamos à espera», contou à Lusa Elsa Lopes.

A 20 de outubro, Elsa Lopes – que tem uma marca de artesanato português em França «Le Coeur d’Elsa» – solicitou a ajuda dos seus amigos no Facebook para se juntarem a ela numa ação de solidariedade para com as pessoas afetadas pelos fogos.

Através do apelo, a emigrante, que vive na região de Paris, conseguiu arranjar uma pessoa que se vai encarregar do transporte e a Association Drancéenne des Amis du Portugal «Romarias do Minho», na cidade de Drancy, nos arredores de Paris, vai receber os donativos nos dias 1 e 5 de novembro.

As pessoas que doarem bens vão receber, em troca, um bilhete para um espetáculo de solidariedade, que se vai realizar a 9 de dezembro, na cidade de Drancy, com vários artistas da Comunidade portuguesa e diferentes géneros musicais.

Até meados de novembro, Elsa Lopes vai entregar pessoalmente os bens às pessoas afetadas pelos incêndios para «dar credibilidade ao gesto».

«Vou entregar diretamente porque as pessoas que dão têm necessidade de terem um retorno, de saberem a quem deram, é necessário que haja um sentimento que foi entregue», acrescentou.

As centenas de incêndios que deflagraram no dia 15 de outubro, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram 45 mortos e cerca de 70 feridos, perto de uma dezena dos quais graves.

Os fogos obrigaram a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas, sobretudo nas regiões Norte e Centro.

Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos em Portugal, depois de Pedrógão Grande, em junho deste ano, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou, segundo a contabilização oficial, 64 mortos e mais de 250 feridos. Registou-se ainda a morte de uma mulher que foi atropelada quando fugia deste fogo.