Encenador Tiago Rodrigues apresenta em Paris a sua reinterpretação de Anna Karenina

A peça “The Way She Dies”, de Tiago Rodrigues, com a história de leitores do romance “Anna Karenina”, de Tolstói, estreia-se nesta quarta-feira, em Paris, no Teatro da Bastille, inserida na ‘rentrée’ cultural da capital francesa.

“Com ‘Anna Karenina’, havia uma vontade grande de falar desses livros que podem mudar vidas. É um exemplo desses livros que, de uma forma muito íntima, nos falam individualmente. É um livro que pode levar as pessoas a repensar a forma como veem o amor, a vida, a intimidade e o desejo. Quisemos falar desses livros que nos atropelam”, disse Tiago Rodrigues, diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II (TNDM II), em declarações à agência Lusa, em Paris.

Depois de Lisboa e Toulouse, “The Way She Dies” (ou “Como ela morre”, em português) chega agora à cena parisiense e vai ter apresentações até dia 06 de outubro, no Teatro da Bastilha, no âmbito do Festival de Outono, evento que marca a rentrée cultural da cidade.

Esta é uma peça realizada em cooperação com a companhia belga STAN, e o processo de escrita recebeu os contributos de Frank Vercruyssen, Isabel Abreu, Jolente de Keersmaeker e Pedro Gil, levando a que seja apresentada em três línguas (francês, neerlandês e português).

“Vivemos em países onde o outro e a língua do outro é uma questão cada vez mais quotidiana. É um espectáculo que se compreende bem em qualquer uma das línguas”, disse Tiago Rodrigues, partilhando a experiência dos públicos que já viram esta peça.

Tal como “Bovary” e “António e Cleopatra”, criações anteriores que também já passaram por teatros parisienses, o autor não deixou que o pudor se sobrepusesse ao fascínio pela obra de Tolstoi.

“Uma das coisas que aprendemos cedo em teatro é que temos de deixar que o nosso fascínio se sobreponha ao pudor de pegar em grandes textos. Se a imponência da literatura levasse a melhor, não se fazia o ‘Hamlet’ há mais de 50 anos, porque já foi tantas vezes feito e tão bem”, explicou o diretor artístico.

 

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LusoJornal