O Conselho de Paris, que reúne durante quatro dias, entre 8 e 11 de abril, deliberou ontem que a Escola polivalente pública situada no 141 boulevard Macdonald, no 19° bairro da capital, vai passar a chamar-se Escola Cesária Évora em homenagem à cantora Cabo-verdiana.
A Deliberação foi proposta ao Conselho de Paris pela Maire Anne Hidalgo explicando que Cesária Évora nasceu em 1941 em São Vicente e faleceu a 17 de dezembro de 2011. “Originária de uma família popular, esteve num orfanato depois da morte do pai e ali ficou entre os 7 e os 13 anos. Foi lá que aprendeu a cantar integrando a coral do orfanato. Começou a ser cantora aos 16 anos e no início dos anos 70 começou a ter sucesso em todas as ilhas de Cabo Verde. Os anos 1990 marcaram uma viragem na sua carreira, e tornou-se uma cantora com dimensão internacional”.
Anne Hidalgo explica ainda que Cesária Évora cantava sobretudo em crioulo de Cabo Verde e que se produziu nas mais prestigiadas salas do mundo, entre as quais o Olympia de Paris. Referiu ainda alguns dos prémios que recebeu durante a sua carreira, nomeadamente duas vezes a “Victoire de la Musique”, em 1999 e em 2004, e um Grammy Award do melhor Álbum World Music em 2004.
A atribuição do nome de Cesária Évora a uma escola decorre de uma proposta aprovada pelo Conselho de Paris de julho de 2020 de “dar visibilidade no espaço público às mulheres que, pelo seu percurso, contribuíram à propagação dos valores de Paris e da República”.
O Conselho da nova Escola Cesária Évora e a comunidade educativa participaram ativamente neste projeto de “batismo” do estabelecimento de ensino.
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Uma exposição sobre Cesária Évora nas margens do Seine
No mesmo Conselho de Paris que decorre estes dias, foi aprovada a realização de uma exposição, coorganizada pela associação “Les Arts Voyagent”, intitulada “Cesária Évora”, entre os dias 28 de abril e 2 de junho, na rampa Châtelet, nas margens do rio Seine, no 4° bairro da capital.
A exposição pode ainda voltar a ser apresentada num outro bairro de Paris durante o corrente ano de 2025 e “inscreve-se no quadro dos 50 anos da independência de Cabo Verde e dos países lusófonos da África, no seguimento da Revolução dos Cravos em Portugal, em 1974”.
Trata-se de cerca de 30 fotografias, algumas das quais inéditas, que convidam à descoberta do universo da cantora que “soube dar uma voz universal à cultura de Cabo Verde”. Vai ser dada uma atenção especial à carreira de Cesária Évora, nomeadamente em Paris onde começou a carreira internacional.
Segundo a Deliberação aprovada no Conselho de Paris, “a exposição desvenda as múltiplas facetas de Cesária Évora: a mulher, a artista, a embaixadora cultural, e sobretudo, uma voz livre que entrou nos corações de quem assistiu aos concertos nas salas mais prestigiosas do mundo, a começar pelo Théâtre de la Ville, que acolheu a primeira data parisiense. A intenção é de mostrar que a música, tal como ela praticou, é uma linguagem universal capaz de unir as culturas para além das fronteiras, e de preservar uma memória coletiva”.
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Cesária Évora já tem uma rua em Paris
Desde 2014 Cesária Évora já tem uma rua em Paris, no 19° “arrondissement”, não muito longe da nova escola com o nome da cantora, no seguimento de uma proposta formulada em dezembro de 2011, pelo então Maire-Adjoint Hermano Sanches Ruivo.
Trata-se de uma rua vegetalizada paralela ao boulevard Macdonald dos detrás dos antigos entrepostos Macdonald por onde passa a linha de tramway T3b e onde está a Gare Rosa Parks do RER E.