Exposição da artista lusodescendente Isabelle Ferreira programada na ‘rentrée’ do MAAT, em Lisboa


Uma exposição da artista lusodescendente Isabelle Ferreira, vai ser apresentada no Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), em Lisboa, a partir de 22 de outubro.

Nascida em França, em 1972, Isabelle Ferreira irá explorar, a partir de 22 de outubro, a história da emigração portuguesa na década de 1960 com a exposição “Notre Feu” – título que evoca as noites dos emigrantes portugueses à fogueira -, com curadoria de Joana Neves.

Através de cerâmica, fotografia e instalação, a mostra recria memórias da fuga para França de portugueses que, em plena ditadura salazarista, saíam do país clandestinamente, por questões de sobrevivência, políticas e sociais.

Esta memória está particularmente expressa num conjunto de composições intituladas “L’Invention du courage (o salto)”, que reconstituem uma prática de antes da partida: os emigrantes entregarem uma fotografia sua a um passador que a rasgava ao meio. Uma metade da fotografia era entregue à família (ou a pessoa de confiança), a outra era guardada pelo passador e enviada à família no final da viagem, para assegurar que o migrante tinha chegado ao destino em segurança, recorda o texto do MAAT sobre a exposição.

Filha de emigrantes portugueses, Isabelle Ferreira apresenta uma narrativa “sensorial e íntima”, conjugando a memória pessoal com um testemunho coletivo sobre migração, exílio e resistência.

Uma exposição com grandes esculturas de luz do artista Cerith Wyn Evans e uma retrospetiva dedicada à obra de Pedro Casqueiro vão marcar a ‘rentrée’ do MAAT, um museu dirigido por João Pinharanda, que foi Adido Cultural na Embaixada de Portugal em Paris. Ao todo, serão quatro novas mostras, com inaugurações faseadas entre 04 de outubro e 12 de novembro, incluindo uma exposição da 7ª Trienal de Arquitetura de Lisboa e a exposição de Isabelle Ferreira, que também assinalam o 9º aniversário daquela instituição.

No exterior do MAAT, na Praça do Carvão, será apresentada a instalação de grande escala do artista Kiluanji Kia Henda, um labirinto sobre os perigos e dilemas associados à crise migratória no Mediterrâneo, sugerindo uma travessia por territórios marcados por vigilância e exclusão.