LusoJornal / Luís Gonçalves

Exposição francesa sobre Grande Guerra vai estar em Fafe

A exposição “Raízes”, que foi mostrada no norte de França no âmbito das comemorações do centenário da Batalha de La Lys na Primeira Guerra Mundial, vai estar na Biblioteca Municipal de Fafe, de 9 a 24 de agosto.

A mostra é composta por vários painéis ilustrativos e baseia-se nos testemunhos de descendentes de soldados do Corpo Expedicionário Português que no final da guerra ficaram em França.

A exposição tinha sido inaugurada a 9 de abril pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o Primeiro-Ministro, António Costa, em Richebourg, perto do Cemitério Militar Português de Richebourg L’Avoué, no norte de França, onde estão sepultados 1.831 soldados lusos e que foi classificado, este ano, como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO.

A mostra é comissariada por Aurore Rouffelaers, bisneta de um soldado português que combateu nas trincheiras e que foi a coordenadora das comemorações da Batalha de La Lys na região de Hauts-de-France.

A história de amor, a poucos quilómetros da linha da frente, há 100 anos, entre o seu bisavô português e a bisavó francesa, está na origem do interesse desta lusodescendente pela participação de Portugal na guerra, assim como os relatos que sempre ouviu da avó, Felícia Glória d’Assunção Pailleux, a mulher que nos últimos 40 anos tem sido a porta-estandarte de Portugal nas comemorações anuais da Batalha de La Lys.

“A ideia desta exposição é procurar os descendentes dos soldados portugueses que escolheram casar com francesas e ficar em França. É um trabalho difícil porque já passaram 100 anos e, com os casamentos pelo meio, os apelidos portugueses perderam-se. O meu avô era Assunção e eu sou Rouffelaers”, explicou Aurore Rouffelaers à Lusa durante a preparação da mostra.

Para Aurore, “o importante é recolher testemunhos dos filhos da guerra”, entre os quais está a avó, de 90 anos, e que é a terceira de 15 filhos de João Manuel da Costa Assunção, o português de Ponte da Barca que se apaixonou por Mélanie, a 15 quilómetros da frente de batalha.

Quando a guerra terminou, João Assunção ainda foi até ao barco para regressar a Portugal mas arrependeu-se e foi bater à porta da mãe de Mélanie, onde ficou a dormir no corredor até casarem. Alguns anos depois, o português adquiriu a nacionalidade francesa e abriu uma oficina de bicicletas.

A exposição foi emprestada à cidade de Fafe pelo Centro de Turismo de Béthune-Bruay, numa iniciativa promovida pela Associação Memórias das Migrações, o Museu das Migrações e das Comunidades e a Câmara Municipal de Fafe.

A inauguração está agendada para as 18h30 de 9 de agosto, no âmbito da festa do emigrante que se realiza nessa noite na cidade.

 

 

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